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Recursos de um planeta finito

2009 . Ano 6 . Edição 50 - 21/05/2009

Mathis Wackernagel e Alessandro Galli

Ao longo dos últimos 200 anos, a humanidade tornou-se altamente eficiente em retirar e utilizar os generosos recursos da natureza. Hoje, infelizmente, o uso dos recursos naturais ultrapassa significativamente o que a natureza pode renovar - tanto que, se continuarmos a trajetória atual, para atender às nossas demandas será necessária a utilização de recursos equivalentes a dois planetas Terra já no início de 2030.

Com o uso de medidas robustas que nos indiquem o quanto ainda resta da natureza, o quanto usamos e quem usa o quê, poderemos entender melhor a pressão antrópica sobre o planeta e tomar os passos necessários para equilibrar o orçamento da Terra. A Pegada Ecológica (Ecological Footprint) é um instrumento de aferição de recursos que mede a produtividade biológica da terra e do mar, necessária para a produção de todos os recursos consumidos e absorvidos por uma população utilizando a tecnologia existente.

A Pegada compara a demanda humana por serviços ecológicos e a disponibilidade do planeta Terra de atender a essa demanda, da mesma forma que a contabilidade financeira confronta dispêndios e renda. Esse instrumento também nos mostra como a estrutura e o funcionamento de nossas economias e sociedades afetam os recursos naturais. Da mesma forma que o PIB, por exemplo, rastreia os fluxos monetários, revelando um quadro do status monetário de um país, a Pegada segue a pista dos fluxos de recursos e resíduos e fornece um quadro do quanto um país depende de recursos naturais e serviços ecológicos.

Globalmente, o uso humano dos recursos naturais é feito de maneira 31% mais rápida do que a velocidade com que a natureza consegue se regenerar. Ou seja, estamos tomando um empréstimo com nosso planeta e, hoje, a biosfera precisa de quase um ano e quatro meses para repor os recursos que usamos (e absorver os resíduos que produzimos) em um ano.

Os resultados dessa dívida ecológica podem ser menos óbvios do que os resultados da bolha financeira que provocou uma crise econômica mundial, mas não são menos sombrios: as mudanças climáticas, os cardumes ameaçados, o esgotamento do solo, a poluição atmosférica, o declínio da biodiversidade e a escassez de água e alimentos são todos sintomas da crescente pressão da humanidade sobre os recursos naturais.

A demanda humana superou a oferta pela primeira vez nos anos 1980, e esse déficit vem crescendo desde então, principalmente por causa do rápido crescimento da pegada de carbono, que afere o uso da eletricidade e dos combustíveis fósseis.

Três quartos da população humana vivem hoje em países que são devedores ecológicos, demandando uma biocapacidade maior que a existente dentro de suas fronteiras. Porém, a demanda relativa de recursos entre esses países varia muito. A pegada de um indivíduo médio nos Estados Unidos é de 9,4 hectares globais (equivalente a cerca de dez campos de futebol); nos países da União Européia é de 4,7 hectares globais, embora o país com a maior pegada per capita seja os Emirados Árabes Unidos (9,5 hectares globais). A pegada média per capita no Brasil é de 2,4 hectares globais, mais baixa que a média mundial, embora mais alta que a cota mundial compartilhada de 2,1 hectares globais por pessoa.

O Haiti, o Afeganistão e o Malavi são os países que ostentam as menores pegadas, abaixo de 0,5 hectares globais e, na maioria dos casos, muito pequenas para atender aos requisitos mínimos de alimentação, habitação, infraestrutura e saneamento. Em muitos países pobres com pegadas menores, o crescimento populacional está provocando o aumento no consumo geral de recursos, mesmo que isso signifique a redução do consumo per capita. A China e os EUA são os países que exercem a maior pressão total sobre os recursos mundiais, cada um consumindo 21% da biocapacidade global - representando juntos quase a metade da demanda humana por serviços da natureza.

É óbvio que a economia humana não poderá continuar a operar como se os recursos ecológicos fossem ilimitados. Não é apenas a saúde do meio-ambiente natural que está em jogo. Se isso continuar, o gasto ecológico deficitário provocará graves consequências econômicas e sociais. A escassez de recursos naturais e a destruição dos ecossistemas deverão disparar os preços dos alimentos e da energia, ao mesmo tempo em que o valor dos investimentos de longo prazo entrará em colapso.

Num mundo globalizado de 6,7 bilhões de pessoas, precisamos de instrumentos precisos e eficazes de aferição de recursos que nos capacitem a gerenciar o nosso capital natural e tomar decisões que caibam no nosso orçamento ecológico. Embora os dados possam parecer chocantes, ainda existem chances de reverter as atuais tendências: a criação de cidades e infraestrutura eficientes no manejo de recursos naturais; a promoção de boas práticas de tecnologia verde e inovação, colocando a limitação dos recursos como ponto central na tomada de decisões - da qual a aferição ecológica desempenhe um papel fundamental.

Ao nos aproximarmos de um futuro com limitações crescentes de recursos naturais, as sociedades mais bem sucedidas serão aquelas que investirem na economia verde. Esse esforço não apenas favorecerá as nações que a adotarem, mas podem dar início ao processo decisivo de redução da pegada global, assegurando os recursos naturais dos quais depende o bem-estar da humanidade.


* Traduzido do original em inglês por Emmanuel Cavalcanti Porto, do Ipea/Dirur
Mathis Wackernagel, Ph.D, é fundador e diretor-executivo da Global Footprint Network
Alessandro Galli é PhD em Ciências Químicas pela Universidade de Siena University e pesquisador do Programa de Contabilidade Nacional da Global Footprint Network
Para mais informações sobre a Pegada Ecológica visite o site www.footprintnetwork.org

 
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