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2050, desafios e oportunidades para o agronegócio

2010 . Ano 7 . Edição 60 - 28/05/2010

Décio Luiz Gazzoni

Até 2050, a população mundial aumentará mais de 3 bilhões de pessoas, além da incorporação ao mercado de 1 bilhão de pessoas, atualmente em estado de insegurança alimentar ou nutricional, gerando a necessidade de aumentar em mais de 70% a produção global de alimentos. Porém, da agricultura, além de alimentos, a sociedade demanda também energia limpa, plantas ornamentais e flores, madeira, princípios medicinais, matéria prima para a indústria química. Até aqui, um mundo de oportunidades. E os desafios?

A pressão social pela proteção ambiental, pelo temor dos efeitos negativos das Mudanças Climáticas Globais, impõe um aumento acelerado da produtividade, em contraposição à expansão de área. O esgotamento da energia fóssil e o impacto ambiental negativo por elas causado exige uma mudança drástica da matriz energética mundial, onde a biomassa será protagonista. Neste contexto, a agropecuária do século XXI terá duas grandes marcas: a sustentabilidade e a constante inovação tecnológica, com grande interdependência entre elas. A sustentabilidade pressupõe que o agricultor obterá rentabilidade da exploração agrícola, minimizando os impactos ambientais e cumprindo sua função social. Já as inovações tecnológicas, além de conferirem sustentabilidade à produção, desmentirão definitivamente Malthus, com a produção agrícola crescendo a taxas superiores ao incremento populacional, equilibrando a oferta e a demanda de produtos agrícolas. A maior característica da tecnologia do século XXI será a sua estonteante dinâmica, pois paradigmas dominantes serão superados e ultrapassados por inovações mais eficientes e mais adequadas, dentro de uma mesma década.

Senão vejamos: de acordo com a FAO, a agropecuária mundial ocupa 1,5 bilhão de hectares, 70% dos quais devotados à pecuária. Embora seus estudos indiquem haver disponibilidade de terra arável para expansão equivalente à que está sendo cultivada, diversas restrições se apõem, como: a) as terras mais férteis, de topografia mais adequada e mais bem localizadas, já foram ocupadas; b) porção considerável da área de expansão é considerada arável apenas mediante irrigação; c) grande parte da área de expansão encontra-se na África, com severas restrições para sua incorporação ao sistema produtivo, em larga escala, nos próximos 40 anos; d) a sociedade mundial pressiona por políticas ambientais cada vez mais rígidas.

Atualmente, são necessários 0,22 ha para alimentar cada uma das 6,7 bilhões de pessoas e, nas áreas de mais alta tecnologia, é possível alimentar uma pessoa com apenas 0,1 ha. O desafio deste século é romper ainda mais esta barreira, destarte próxima do seu limite físico.

Assumindo em 70% a expansão produção mundial de alimentos até 2050, percebe-se que dificilmente será possível incorporar, especificamente para produção de alimentos, mais de 20% da área atual (cerca de 300 milhões de hectares), considerando que, paralelamente, também haverá pressão para aumento da área para outros produtos agrícolas. Isto posto, impõe-se ganhos de produtividade superiores a 40%, o que exige ações imediatas para evitar as conseqüências alternativas, que seriam a oferta de alimentos inferior à demanda ou os impactos ambientais indesejáveis do avanço acelerado da fronteira agrícola. O Brasil, pelas suas vantagens comparativas e pela expectativa de que venha a ser o grande provedor de alimentos do mundo, deverá elevar sua produtividade muito acima da estimativa de 40%, para compensar ganhos menores em áreas onde a produtividade já é muito alta ou onde a produtividade permanecerá baixa.

A celeridade e a intensidade exigidas do processo não permitem uma atitude de laissez faire, deixando ao sabor das pressões de mercado as mudanças necessárias, tornando-se imperiosa a proatividade de políticas públicas que impulsionem o agronegócio no rumo correto. No nosso caso, é de transcendental importância conferir prioridade ao desenvolvimento de inovações que expandam a produtividade e a estabilidade dos cultivos, com sustentabilidade. Logo, compete ao governo brasileiro, por um lado assegurar o equilíbrio entre incentivos e marcos regulatórios que garantam a sustentabilidade da produção agrícola. De outra parte, nunca foi tão imperioso o suporte prioritário e continuado aos sistemas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

A nosso ver, esta é a fórmula a aplicar hoje, para vencer os desafios e capturar as oportunidades que se descortinam no horizonte visível do agronegócio d metade do século XXI. Além de fisgar as oportunidades de mercado, investir na sustentabilidade do agronegócio nos posicionará de forma invulgar no contexto geopolítico, em um ambiente em que o tema sustentabilidade será o diferencial exigido pela sociedade global.


Décio Luiz Gazzoni, é engenheiro agrônomo, é assessor de Agricultura e Energia da Secretaria de Assuntos Estratégicos

 
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