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Agricultura - Produção com sustentabilidade - O assunto está na pauta das instituições de pesquisa

 

2009 . Ano 7 . Edição 55 - 17/11/2009

 

Maior produtividade com sustentabilidade ambiental

Depois de revolucionar a agricultura brasileira com sucessivos ganhos de produtividade, a pesquisa agropecuária depara-se com um novo desafio, o de incluir a preservação do meio ambiente no processo de produção

Débora Carvalho - de Brasília

A evolução da cultura da soja no Brasil é um dos exemplos mais representativos de que por meio da pesquisa é possível mudar a história. Na primeira metade do século XX, o grão era cultivado apenas no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, em pequenas quantidades, por imigrantes japoneses. A elevada quantidade de proteína chamou atenção do mercado, e o produto ganhou importância e estímulo para o desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições brasileiras, com ganhos crescentes de produtividade. Mas o ponto de virada veio com a criação de uma variedade adaptada às condições de clima e solo do cerrado. Essa fase de invenção e disseminação de tecnologia atingiu diversas atividades do campo e foi chamada de Revolução Verde por ter impulsionado uma explosão na produção de alimentos no País. Quase cinco décadas depois desse marco, o Brasil inicia um novo processo de inovação no campo, mas, desta vez, focado na sustentabilidade.

Há muitas variáveis que contribuem para o protagonismo na produção agropecuária, mas, no caso do Brasil, a visão da ciência foi determinante. Para o chefe de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Eduardo Lazarini, a liderança brasileira nessa área está basicamente ligada ao esforço para traçar cenários em médio e longo prazo. "Por meio de análises, tentamos antecipar desafios, que deixarão a agricultura ainda mais competitiva. É um planejamento para os próximos 10 ou 15 anos", afirma. Esse olhar no futuro tem impulsionado uma mudança na agenda de pesquisa, substituindo um modelo que prioriza o ganho de produtividade por um trabalho que adicione a preocupação com a sustentabilidade. "É uma exigência mundial sair do paradigma da Revolução Verde para a vertente ambiental", afirma Lazarini. Ele explica que entre as prioridades da produção científica agropecuária - seja na Embrapa, na iniciativa privada ou no meio acadêmico - estão as mudanças climáticas, a produção de agroenergia, por meio da biomassa, e a busca de alternativas para insumos, cujas fontes não são renováveis, como os fertilizantes.

Outra característica importante da agenda científica do agronegócio é o trabalho em rede, feito por centros de pesquisa, universidades, iniciativa privada e outras instituições. O chefe de pesquisa da Embrapa explica que o trabalho é organizado de acordo com os níveis de complexidade dos programas, criados para atender temas estratégicos da produção. Além de eleger prioridades de estudos iniciais, existe a preocupação de incrementar o conhecimento já existente, bem como de garantir a transferência dessa tecnologia para o cotidiano do agricultor.

O papel da Embrapa é reconhecido por ter sido o ponto de partida para a constituição de um sistema agroindustrial de produção de tecnologia. O técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho explica que, nos últimos 30 anos, o Brasil teve sucesso na formação de instituições voltadas para a promoção de conhecimento agropecuário. A principal razão foi a adoção de redes, que possibilitaram aumentar a capacidade de absorção das inovações pelo produtor.

"Entre 1975 e 2008, o País destinou mais de R$ 30 bilhões para a pesquisa agropecuária. Cada real investido representou R$ 13 em retorno para a sociedade em forma de redução de custos, de aumento na margem de lucro das atividades", ressalta o pesquisador. Ele lembra, no entanto, que esse incentivo precisa ser mantido e até ampliado para garantir a competitividade do Brasil como potência agrícola no mercado internacional. "A agricultura moderna é relacionada à preocupação ambiental. Nos próximos 50 anos, a participação da biomassa e das energias renováveis vai ser fundamental para a matriz energética de todos os países, e o Brasil precisa estar preparado para isso", comenta José Eustáquio. Nesse processo, a palavra-chave é interação. "Hoje, as agências de fomento não mais preferem financiar projetos isolados. Há preferência pela multidisciplinaridade, o que é importante porque as soluções que procuramos estão ficando cada vez mais sofisticadas com a preocupação em preservar solo e biodiversidade", afirma o chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Robson Bezerra.

Um exemplo de tecnologia que aproxima produção e preservação do meio ambiente é o plantio direto, presente no Brasil desde a década de 1970. O diferencial dessa técnica está na semeadura, que é feita sem a necessidade de revolver o solo, aproveitando a cobertura vegetal de outras culturas, evitando erosão, garantindo a riqueza biológica e fixando mais carbono que no manejo convencional. No plantio direto, o sequestro de gás carbônico chega a 0,5 tonelada por hectare. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) estima que 26 milhões de hectares são plantados no País com essa técnica. Nos últimos sete anos, essa área cresceu 1 milhão de hectares por ano.

De acordo com o chefe de Pesquisa da Embrapa, apesar da resistência de alguns produtores, as formas mais sustentáveis de manejo e o aperfeiçoamento desses modelos em relação à eficiência e redução de custos têm atraído a atenção e a simpatia de quem produz. "Há também uma crescente consciência dos produtores sobre a busca da sustentabilidade". No entanto, esses projetos de sequestro de carbono não são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o que limita o comércio de créditos no mercado internacional e retira um incentivo ao produtor para compensar os custos do plantio direto.

Transformações - O comportamento do clima é um dos principais fatores de risco para as lavouras em qualquer lugar do mundo. As alterações climática provocadas pela ação do homem têm mostrado reflexos ao longo dos anos e preocupado a comunidade científica. Estudo recente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revela que o êxodo rural e as mudanças climáticas vão ser as principais causas da queda na oferta de comida nos próximos anos. Segundo a ONU, a produção de alimentos precisa aumentar 70% até 2050 para atender à população, que, segundo a estimativa, será de 9 bilhões de pessoas.

O chefe da Embrapa Cerrados explica que uma das maiores preocupações dos estudiosos é garantir que as alterações do clima não inviabilizem avanços tecnológicos dos últimos 40 anos. "É o caso de variedades criadas para se adaptar a novos biomas e que podem não suportar essas mudanças. Estamos trabalhando na área de melhoramento genético para criar alternativas", ressalta José Robson Bezerra. Ele lembra ainda que esse processo depende da preservação da biodiversidade. Depois de anos de evolução e adaptação natural, o material genético de plantas nativas pode guardar as informações necessárias para desenvolver lavouras capazes de enfrentar esses desafios climáticos.

O assunto, no entanto, já faz parte da pauta científica do Brasil há mais de 15 anos. O chefe da Embrapa Informática e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Eduardo Assad, explica que, há uma década e meia, o Brasil vem fazendo zoneamento de risco climático, com o monitoramento ano a ano das variações do clima. "Indicamos, em função dos riscos, onde e como se deve plantar e com quais cultivares, obtendo sucesso de 80%", explica. No início, a ferramenta monitorava as culturas de arroz, soja, feijão, milho e trigo. Hoje, são mais de 20 culturas. Até 2011, a expectativa é incluir outros 11 produtos no zoneamento. Um dos principais fatores de sucesso do trabalho é a política pública que acompanha a ciência. Hoje, só é permitido o acesso ao crédito oficial para o produtor que respeitar as indicações do zoneamento.

Segundo Assad, o acompanhamento climático pode ajudar a reduzir os riscos na agricultura. "Há regiões em que, por causa do clima, se perde uma a cada três safras. Nosso objetivo é reduzir isso para uma em cada cinco. Ou seja, 20% de risco", argumenta. A iniciativa surgiu a partir de um estudo do Ipea: em 1992, o Instituto fez um levantamento dos problemas enfrentados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que serviu de base para a implantação do seguro rural.

Para o pesquisador, o agronegócio pode pagar um alto preço, caso nada seja feito em relação às mudanças no clima. Um levantamento feito pela Embrapa Informática prevê que, se a temperatura do planeta aumentar entre 2 e 5,2 graus Celsius - conforme estima o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) -, o Brasil poderá ter prejuízos de mais de R$ 7 bilhões no Produto Interno Bruto da agricultura até 2020. Em estudos de vulnerabilidade, os cientistas têm buscado análises cada vez mais precisas, que mostram outra consequência preocupante: uma geografia de produção totalmente desfigurada em relação ao que se conhece hoje. "Muitos municípios tradicionalmente produtores podem ficar de fora do crédito público, porque estarão com a capacidade produtiva inviabilizada pelo meio ambiente. Por isso, os principais desafios da agenda científica nos próximos anos são manter a produtividade adaptada ao estresse ambiental e, nessas condições adversas, aumentá-la", afirma Assad.

A precisão desse monitoramento, no entanto, está ameaçada por limitações na estrutura de observação meteorológica. A Embrapa defende uma ampliação na rede de acompanhamento para que seja possível analisar com qualidade a totalidade da extensão territorial brasileira. Segundo Assad, nos últimos três anos houve avanços na contratação de pessoal qualificado e em infraestrutura, mas ele se preocupa com a possibilidade de interrupção do investimento, o que poderia significar a perda do esforço empregado nos últimos 15 anos.

Uma contribuição do campo para desacelerar as mudanças no clima é a busca pela mitigação dos gases do efeito estufa. De acordo com a chefe da Embrapa Informática, já se sabe que na monocultura esse balanço é negativo, mas há modelos simples que podem mudar essa realidade. Um deles é a integração entre lavoura e pecuária, que, além de aproveitar a área de forma economicamente mais eficiente, recupera pastagens degradadas. Entretanto, os estímulos a esse tipo de prática, como a abertura de linhas específicas de crédito, ainda são incipientes. "O agronegócio é o único setor da economia capaz de deixar positivo o próprio balanço de emissão de gases do efeito estufa, sem mexer na matriz energética e no transporte. Falta incentivo para transferir essa tecnologia. Na Amazônia, por exemplo, além de crédito, outro desafio é a insegurança jurídica, causada pela falta de regularização fundiária", comenta o pesquisador. Assad alerta para a necessidade de mudança de mentalidade na concessão dos financiamentos. Segundo ele, seria um avanço do ponto de vista da qualidade, se o crédito financiasse modelos produtivos e não produtos.

Soja - Principal commodity da pauta de exportações brasileira, a soja pode ser uma das culturas mais prejudicadas pelo aumento da temperatura e pela variação no regime de chuvas das principais regiões produtoras. Os prejuízos podem chegar a 40%, em 2070. Na região Sul, as perdas com a seca e o calor já são visíveis. No entanto, a situação pode ser ainda pior no Centro-Oeste, por ser uma área que já apresenta clima seco e temperaturas elevadas. Para solucionar isso, a principal aposta dos pesquisadores é em estudos genéticos. Mas, para trabalhar com transgenia, é preciso primeiro isolar o gene que carrega a característica desejada, como resistência a estresse hídrico e calor.

Segundo Assad, as espécies do cerrado já estiveram submetidas a condições piores há cerca de 50 mil anos e, portanto, podem ainda carregar a informação genética das características que possibilitaram essa superação. Há mais de 20 anos, pesquisadores da Embrapa e universidades se dedicam ao mapeamento genético das espécies desse bioma. Entre as mais de 12 mil plantas já catalogadas, 38 ocorrem com grande frequência. "Já se sabe onde procurar, mas é um processo demorado", diz Assad. Ele ressalta que as possibilidades escondidas na biodiversidade do cerrado podem ser mais uma oportunidade para o Brasil se firmar na liderança da tecnologia agropecuária no mundo. Caso seja encontrada uma solução para a agricultura na savana brasileira, isso seria útil a todas as regiões do planeta que ficam na mesma latitude, entre 12 e 15 graus. "É preciso dar um tempo no desmatamento, porque a biodiversidade pode ser, literalmente, a salvação da lavoura".

Arquivo genético - O sucesso do mapeamento depende de uma iniciativa, coordenada pela Embrapa Recursos Genéticos, que consiste na formação de uma espécie de arquivo de informações genéticas: o banco de germoplasma. Hoje existem mais de 100 mil registros, mas a intenção é duplicar a infraestrutura dessa coleção. O chefe-geral da unidade responsável pelo projeto, Mauro Carneiro, explica que, mesmo com a megadiversidade brasileira, a maior parte dos vegetais utilizados na alimentação tem origem em outros países. Por isso, há uma riqueza de característica nas plantas brasileiras que podem ser usadas para criar cultivares de interesse da agricultura. "O desenvolvimento de transgênicos é apenas uma alternativa. O ideal é que não se fizesse transgenia, mas sim buscasse na natureza a variabilidade para enriquecer o estoque da coleção de base", defende Carneiro. O cientista explica, no entanto, que um dos principais desafios é o alto custo do projeto, pois as amostras precisam ser mantidas a uma temperatura de menos 20 graus Celsius, em grandes câmaras de estocagem, num banco internacional de sementes, que fica na Noruega.

Segundo Carneiro, ao contrário do que se vê com a onda de produtos transgênicos dos últimos anos, a prioridade da Embrapa é o melhoramento clássico, por meio do germoplasma. Um dos motivos é o preço do processo de desenvolvimento de uma variedade geneticamente modificada. As análises de biossegurança e o trabalho que precisa ser feito no processo de liberação de um evento transgênico podem custar US$ 10 milhões, o que corresponde ao orçamento total da unidade de recursos genéticos da Embrapa em 2008. "Por isso, as pessoas perguntam onde estão os transgênicos desenvolvidos pela Embrapa. Além da escassez de massa crítica e dos obstáculos na formação dos cientistas, a falta de recursos é uma dificuldade sofrida pelos nossos centros de pesquisa", acrescenta Carneiro.

Apesar dos problemas, a expectativa é que em até dois anos já esteja no mercado uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, desenvolvida pela Embrapa e que está em fase de testes de biossegurança. Quando chegar ao agricultor, a cultivar será importante na redução do uso de agroquímicos para combater a doença que, além de atacar a planta, se instala no solo e inviabiliza um novo plantio. Na América Latina, o Brasil ocupa posição de liderança na produção de conhecimento na área de recursos genéticos para o agronegócio.

Investimento - Mesmo com a falta de recursos para estudos mais sofisticados, como no caso do melhoramento genético, os cientistas afirmam que nos últimos três anos a pesquisa agropecuária tem experimentado bons momentos. Com a criação do Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa, chamado PAC da Embrapa, em 2008 foram liberados R$ 119,1 milhões para pesquisa, dos quais R$ 88,6 milhões foram para a Embrapa e R$ 30,4 milhões para organizações estaduais de pesquisa agropecuária. Em 2009, o investimento aprovado atinge R$ 123 milhões, dos quais R$ 74,8 milhões já foram liberados para as Unidades da Embrapa. "Esses recursos ajudaram a recuperar as estruturas, remodelar laboratórios, contratar pessoas. Em comparação com a situação anterior, é uma ótima fase", afirma o chefe de pesquisa da Embrapa.

O caminho que a tecnologia precisa traçar dos laboratórios até as lavouras do Brasil ainda é um desafio. O chefe da Embrapa Cerrados explica que os problemas em incorporar inovações ao cotidiano do produtor são o principal obstáculo à eficácia da ciência a serviço do agronegócio. "A transferência de tecnologias não funciona como deveria. É o caso do plantio direto ou da integração entre lavoura, pecuária e silvicultura, que poderiam ser usados com sucesso por um número maior de agricultores", afirma José Robson Bezerra. Segundo a empresa, já foram gastos mais R$ 994 mil para incrementar 26 ações de transferência de tecnologia em 15 unidades. Neste ano, o total de recursos destinado ao cumprimento das 42 metas nessa área chega a R$ 5,6 milhões.

Para entender as dificuldades em transpor as portas dos centros de pesquisa, a Embrapa Cerrados montou um grupo de estudos que está analisando os motivos pelos quais agricultores optam por adotar ou não determinada novidade científica. "Queremos entender que fatores influenciam nessa decisão: crença, escolaridade, falta de conhecimento ou de adequação no momento de ensinar ao homem do campo como lidar com a novidade?", esclarece Bezerra. Ele acrescenta ainda que o uso efetivo da tecnologia depende também do fortalecimento da extensão rural, responsável por fazer com que as conquistas científicas tenham resultado prático nas mãos dos produtores."Em alguns estados o serviço é forte, mas em outros não. Uniformizar a qualidade da extensão pode significar uma nova Revolução Verde", alerta.

Agricultura familiar - Os dados do Censo Agropecuário de 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram em números o motivo de a agricultura familiar ser foco do único programa temático desenvolvido pela Embrapa. São mais de 4,3 milhões de propriedades de agricultura familiar, o que corresponde a 85% dos estabelecimentos rurais do País. Ocupam 24% da área cultivada e respondem por 40% do valor total da produção agropecuária brasileira. Segundo o chefe de pesquisa da empresa, o objetivo do trabalho focado nessa categoria é contribuir para o sucesso de outros programas. "Buscamos tecnologias para tornar mais eficientes os sistemas de produção de alimentos orgânicos, de oleaginosas que possam ser matéria-prima para biodiesel e de adaptação de culturas", enumera Carlos Lazarini.

Um exemplo é o esforço de pesquisadores de unidades do Centro-Oeste e do Nordeste em busca de variedades de plantas mais adaptadas à pequena produção e a condições de solo desfavoráveis. O chefe da Embrapa Cerrados ressalta a importância de que a agricultura familiar seja mais contemplada nas pesquisas. "A tecnologia feita para o grande também pode ser usada pelos pequenos produtores. Mas é preciso estimular o associativismo, organizar as comunidades para aprender a lidar com a inovação e pulverizar os custos", explica José Robson.

A pesquisa na área econômica também tem contribuído ao longo dos anos para mostrar aos formuladores de políticas públicas o que é preciso ser feito e que saídas seriam mais eficientes. O pesquisador do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa, Erly Cardoso explica que na década de 1980 havia um mito de que o investimento em agricultura tinha baixo retorno. "Isso fazia com que o governo tratasse o incentivo a esse setor como uma política de apoio", conta. Os dados do Censo mostram o potencial de crescimento da agricultura, tanto empresarial quanto familiar. Mas, segundo ele, o Brasil ainda precisa de atenção a aspectos comuns a vários setores da economia, como a infraestrutura. "O Brasil destina 18% do PIB a essa área, enquanto em outros países são por volta de 25%. Estamos desenvolvendo um estudo que mede o impacto da infraestrutura no resultado econômico, não só para a agricultura, e os dados mostram que se houvesse investimento, o País poderia crescer 13% ao ano", afirma Cardoso.

Futuro próximo - Um exemplo de inovação que pode mudar a realidade no campo é uma pesquisa realizada pela Embrapa Cerrados desde 2003, que analisa o potencial de 20 tipos de rochas de diversas regiões do país como fonte de nutrientes para a agricultura. Hoje, o País importa 70% do fertilizante que consome, um gasto de cerca de R$ 3 bilhões por ano. Os primeiros testes revelaram que há viabilidade técnica, e os pesquisadores avaliam ainda a possibilidade de usar dejetos do garimpo, ricos em potássio, como insumo agrícola. Quando concluídos os experimentos, o resultado vai ser uma redução no custo dos fertilizantes, que beneficiará pequenos e grandes produtores, além da contribuição para o meio ambiente.

 
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