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Fábrica de sons - A Weril Instrumentos Musicais conquista os mercados europeu e norte-americano

2007 . Ano 4 . Edição 30 - 11/1/2007

Cuidados na linha de montagem e nos palcos, atenção à tradição e à inovação, e competência em mesas de negociação e em promoções culturais são alguns dos ingredientes da fórmula de sucesso da empresa familiar brasileira Weril Instrumentos Musicais

Por Eliana Simonetti, Franco da Rocha, SP

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Franco da Rocha é uma cidade localizada nas vizinhanças da capital paulista.Cresceu em torno de uma linha de trem e de um dos maiores hospitais psiquiátricos do país.A economia do lugar é essencialmente agrícola, movida por sítios produtores de uva,batata e mandioca.Num desses terrenos,uma pequena jóia se destaca do cenário: a Weril, fabricante de instrumentos musicais de sopro. Fica num galpão, no centro de uma área de mais de 40 mil metros quadrados, de onde vez por outra escapa uma melodia. Trombones, saxes, trompetes, flautas, clarinetes e algo mais são embarcados,dali, para todo o Brasil e para mais de sessenta países (veja as tabelas "Notas da Weril" e "Música para o exterior").

 

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 fabricadesons6  No alto, a montagem do Saxofone Supremo, que teve lançamento mundial em 2006. Abaixo, o trabalho em tornos artesanais, que dá a forma inicial aos instrumentos

Trata-se de uma das cinco melhores empresas fabricantes de instrumentos de sopro do planeta e a única na América Latina especializada no setor.

Em novembro, a Weril recebeu o Prêmio Especial do Júri por sua atuação no Centro de Distribuição de Miami,da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (leia o quadro "Pontos de apoio no exterior", abaixo).Desde que ingressou no Centro, em janeiro de 2005, suas vendas nos Estados Unidos saltaram 48%.

E é bom notar que a companhia já contava sessenta anos de experiência em exportação quando buscou o apoio da Apex. Atualmente,exporta 30% de sua produção, sendo metade para o mercado norte-americano." Este foi um ano de muitos negócios. Pretendemos agora nos instalar também no Centro de Distribuição (CD) de Frankfurt, já que a Alemanha, ao lado da Inglaterra, é um importante mercado dos nossos produtos na Europa", diz Andréa Donatti,gerente de marketing da empresa. Curiosidade:depois dos norte-americanos e dos europeus, a Indonésia é o mais importante mercado da Weril no exterior.

Os instrumentos da marca são aplaudidos por músicos brasileiros, como Leo Gandelman e Carlos Malta."Acredito que a Weril faça a diferença para os instrumentos e músicos brasileiros. É muito importante para nós termos instrumentos fabricados aqui com eficiência e assistência.E o custo-benefício não só viabiliza como também honra o esforço de tantos em busca de resultados musicais", diz Gandelman. James Lebens,professor da Universidade Laval,em Quebec,no Canadá, só toca trombones da marca brasileira.O trombone G.Gagliardi Weril, aliás, foi eleito um dos melhores do mundo pela International Trombone Association (ITA), num "teste cego"realizado em 2002,no qual músicos com luvas e vendas nos olhos, atrás de um biombo, tocaram instrumentos de várias marcas para um júri de especialistas. E a Weril foi selecionada pela International Music Products Association (Namm),dos Estados Unidos, para seu Hall of Fame. Ainda assim, a fábrica não conseguiu entrar no fechado clube da música erudita. Pouquíssimas orquestras sinfônicas,mesmo no Brasil,usam instrumentos da Weril.

Tradição e inovação

O slogan da empresa quase centenária,"Toque com emoção", é facilmente compreendido numa visita à fábrica.Passear por suas instalações é uma aventura prazerosa.Os instrumentos,em si, são obras de arte.Além disso,a Weril é uma bela indústria. O misto de inovação e tradição, segundo os dirigentes, é um dos segredos de seu sucesso.Algumas etapas da fábrica fazem lembrar um centro artesanal, quase uma oficina de escultores. Outras abrigam equipamentos de alta tecnologia.

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"A Weril é comparável à Embraer,no Brasil", diz Juliano Diniz,gerente de marketing internacional da empresa que sabe do que está falando, pois trabalhou três anos na fabricante brasileira de aeronaves. Poucas empresas do ramo, por exemplo, usam o Computer Aided Design (CAD),desenho auxiliado por computador para facilitar a realização de projetos técnicos; e simulam as condições de fabricação em máquinas de Controle Numérico Computorizado (CNC),que permitem a produção de peças complexas com precisão.

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Os equipamentos e softwares implantados na Weril resultam na simplificação do corte de curvas e estruturas de três dimensões, em redução de desperdício e em aumento de produtividade. Ao final do passeio, chega-se às salas onde músicos profissionais passam os dias testando a capacidade dos instrumentos de emitir, com perfeição,sons e harmonias .Às segundas-feiras,os funcionários interessados podem freqüentar aulas de música.Às sextas-feiras, há o Almoço com Chorinho, com apresentação, no refeitório, de músicos que trabalham na empresa.

Os equipamentos e sof twares implantados na produção de instrumentos musicais são comparáveis aos utilizados pela fabricante nacional de aviões Embraer

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 Concurso de fanfarras de escolas públicas no Paraná: depois das igrejas, são as fanfarras e bandas as maiores

Negócios e cultura A Weril envolve músicos, estudantes e público em seu trabalho - uma estratégia que parece dar certo.Um exemplo: o sax profissional Supremo foi batizado depois de uma votação promovida entre saxofonistas e compositores, como o americano Ted Nash,o francês Idriss Boudrioua,Heleno Feitosa (professor da Universidade Federal da Paraíba) e o paulista Rodrigo Bento (ex-integrante do J-Quest, hoje na Saxomania). Seu lançamento ocorreu no início 2006, em nível mundial.No mercado norte-americano,o evento foi realizado durante a feira internacional de produtos musicais NAMM Show de 2006, na Califórnia.

 

 

No Brasil, metade das vendas é para igrejas. Depois, vêm as bandas e as fanfarras

 

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 Banda de música tradicional nas ruas de Munique, na Alemanha, um dos mercados da Weril na Europa

A marca está presente,todos os anos,na maior feira musical do mundo, a Musik- Messe,de Frankfurt,na Alemanha.Ainda na Europa, em 2005, a Weril Experience levou apresentações e workshops de músicos brasileiros a várias cidades de sete países. O trompetista Daniel D'Alcântara,por exemplo, mostrou sua arte no Conservatório de São Petersburgo, na Rússia, onde o famoso compositor Piotr Tchaikovsky estudou,no século XIX.Com o patrocínio da Weril, o trombonista Renato Farias,do Brazilian Trombone Ensemble, apresentou- se e ministrou cursos no Trombonanza - festival promovido pelo governo argentino na cidade de Santa Fé, em agosto de 2006,que atraiu 150 músicos latinoamericanos. Ou seja, ao fazer negócios e promover seu nome mundo afora, a Weril também divulga o trabalho de instrumentistas e a música brasileira. Seu projeto é dobrar o faturamento com exportações para 10 milhões de dólares em 2008, véspera de seu centenário.

"O reconhecimento da qualidade dos instrumentos Weril mostra que a empresa é competitiva no mercado global. O desafio em 2007 é continuar o trabalho de tornar a cultura musical cada vez mais acessível a todos", diz Nelson Weingrill, presidente da companhia.No país,metade de suas vendas é para igrejas. Para fomentar a prática musical, especialmente em bandas e fanfarras,ocorre anualmente, em quase todas as capitais do país, o Weril Roadshow, que reúne espetáculos, workshops e espaços de experimentação.

Há também o Prêmio Weril para Solistas de Instrumentos de Sopro com até 25 anos de idade, cujo objetivo é revelar novos talentos da música instrumental.A indústria mantém um programa de apoio a instituições e organizações não-governamentais dedicadas ao ensino coletivo de música.Mais. O site da empresa traz dicas práticas para quem deseja montar uma biblioteca musical ou uma fanfarra, por exemplo.

A companhia foi criada em 1909 por Pedro Weingrill - cujos bisavôs já produziam instrumentos de sopro,na Europa,no século XIX.Hoje está sob o comando de seus bisnetos.Sua história quase centenária demonstra que é possível unir engenho e arte,negócios e cultura.

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As partes da fábrica

Ferramentaria - como não estão disponíveis no mercado as máquinas necessárias à fabricação de instrumentos musicais, a Weril compra e adapta equipamentos e ferramentas específicas.

Centro de usinagem e fornos ou fresadoras - equipamentos com comando numérico computadorizado trabalham com alta precisão para que as peças mantenham sempre o mesmo padrão.

Setor de conformação - artesãos dão aos metais as formas básicas das peças cônicas.

Polimento primário - as peças são lixadas em fases gradativas e depois polidas em rodas para eliminar riscos das lixas antes da montagem da estrutura dos instrumentos.

Prensas - fabricação de peças como pastilhas e chapetas, depois encaminhadas ao setor de solda para a montagem de subconjuntos.

Montagem de estrutura e bocais - os montadores usam gabaritos e trabalham com peças já usinadas e conformadas.

Flauta e clarineta - cada um desses instrumentos tem linha de produção própria e especializada.

Saxofone - ocupa duas áreas da empresa. O instrumento com as chaves pré-reguladas feito no setor de montagem estrutural passa por uma série de banhos, que conferem brilho inclusive à sua parte interna.A montagem final é feita por diversos funcionários. E os saxofones seguem daí para a inspeção - onde músicos profissionais testam sua qualidade.

Polimento - área de polimento e brilho manual e em máquina. Depois, os instrumentos passam por controle de qualidade e seguem para laqueação ou banho de acabamento. Os banhos químicos são necessários para retirar as impurezas do metal. O material utilizado nessa fase passa por uma estação de tratamento para que não haja poluição ambiental.

Limpeza e embalagem - uma nova verificação de qualidade, desta vez do acabamento, antecede a embalagem dos instrumentos.

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