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Uma idéia luminosa - Tecnologia barata leva energia para quem mora no campo

2007 . Ano 4 . Edição 31 - 5/2/2007

Por Patrícia Marini, de Maquiné, RS

melhorespraticas1_20 Veranilda Lusia da Silva acende a lâmpada que lhe permite ler e fazer crochê à noite

Era uma vez um engenheiro agrônomo que se tornou Secretário de Agricultura de uma cidade recém-emancipada. Pretendia construir estradas para ajudar a população rural, mas descobriu que o que fazia mais falta era a energia. Aplicou um sistema barato de eletrif icação e levou luz para os moradores do campo. Dessa forma, foi possível melhorar a irrigação das culturas, aumentar a renda dos agricultores e o êxodo rural foi sendo revertido aos poucos. Isso aconteceu em 1982. Hoje, calcula-se que o modelo desenvolvido pelo ex-secretário já tenha iluminado a casa de mais de 1 milhão de brasileiros.

Primeiramente, quatrocentas famílias de Palmares foram ligadas à rede elétrica, ao custo de 400 dólares por casa. Na rede convencional, o custo de instalação era de 7 mil por casa
 
Primeiro foi o verbo, depois a luz e, então, a água - nessa ordem. O engenheiro agrônomo gaúcho Fábio Rosa nunca imaginou que ficaria conhecido internacionalmente pela abrangência dos projetos de eletrificação rural em comunidades que em pleno século XXI ainda vivem sem acesso à energia elétrica. Tudo começou em 1982, porque sem energia não havia como bombear água do subsolo para irrigar as lavouras de arroz no pequeno e então recém-fundado município gaúcho de Palmares. Hoje, calcula-se que a implantação de suas propostas já tenha iluminado a casa de mais de 1 milhão de brasileiros.

Levar energia a áreas isoladas não era o objetivo final. Revelou-se o meio mais eficiente para cativar as populações, possibilitar aumento da renda e gerar desenvolvimento. O laboratório, no início da década de 1980, foi a Secretaria de Agricultura de Palmares do Sul, no extremo norte da Lagoa dos Patos. Recém-formado, Rosa tinha 22 anos, um carro velho à disposição e a confiança do primeiro prefeito da cidade, Ney Azevedo. Tinha, sobretudo, a convicção que o acompanha até hoje, uma de suas mais marcantes características.

Em Palmares, um dos resultados imediatos foi a reversão do êxodo rural. "Notamos que a vontade dos jovens de ir embora ficou aplacada com a chegada da luz e, em seguida, gente que tinha deixado o lugar para inchar as periferias urbanas começou a voltar para o campo", lembra. O fato chamou a atenção do Banco Mundial e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Sua primeira descoberta foi que os pequenos plantadores de arroz gastavam quase um quarto de seus custos de produção comprando água. Isso era três vezes mais que a média mundial. A única maneira barata de tirar água do subsolo era com eletricidade, e 70% da população local (cerca de 9 mil pessoas) não tinha acesso a ela.

melhorespraticas2_20 Menina mostra o velho lampião, que virou peça de decoração depois da chegada da placa solar

Atrás de uma solução, Rosa descobriu o sistema desenvolvido pelo professor Ennio Amaral, da Escola Técnica Federal de Pelotas. Em vez de três fios para compor o potente sistema "trifásico", Amaral usava um sistema de corrente de alta tensão "monofásico": um só fio carregava a corrente de um transformador para a residência. Era adequado a um consumo de energia modesto. Amaral reduzira ainda mais os custos substituindo fios de cobre por fios de ferro, condutores mais baratos, com menos postes, transformadores menores e gente comum do lugar em vez de construtores profissionais. Amaral, que faleceu dois anos depois, passara uma década desenvolvendo o sistema.

"O invento funcionava bem, mas era ilegal, pois não obedecia à norma estadual", conta Rosa, que então se lançou numa campanha para que um novo padrão fosse aceito pela companhia elétrica estatal, a CEEE. Mas só em 1988, durante o governo de Pedro Simon no Rio Grande do Sul, a companhia viria a acatar o novo padrão, hoje copiado Brasil afora no programa Luz para Todos, do governo federal. Os dados oficiais identificam 12 milhões de brasileiros sem acesso à energia, mas Rosa estima que seja pelo menos o dobro.

 

"Percebi que eles tinham uma conta de luz subterrânea. Descobri que, mesmo sem meter eletricidade, cada família gastava cerca de 13 dólares por mês com energia"

 

melhorespraticas3_20Fábio Rosa, precursor do sistema simplificado de eletrificação rural. Graças ao método que ele implantou, mais de 1 milhão de brasileiros teve acesso à energia

Economia Quando a nova norma foi enfim adotada, quatrocentas famílias rurais de Palmares já estavam ligadas à rede elétrica, ao custo de 400 dólares por casa. Na rede convencional, o custo de instalação era de 7 mil dólares por família. Um terço dos beneficiados era gente que voltara da cidade atraída pelas novas condições. A renda dos agricultores pulou de 50 a 80 dólares para 200 a 300 dólares por mês.

Antes disso, com a ajuda do prefeito, Rosa conseguira permissão para testar o sistema desenvolvido por Amaral, que lhe apresentou o eletricista Ricardo Mello. Enquanto um se ocupava dos aspectos técnicos, o outro ia conversar com os agricultores. Com eletricidade barata, poços artesianos rasos e bombas também monofásicas, chegou-se à almejada irrigação de baixo custo. O jovem secretário criou um departamento de desenvolvimento agrícola e introduziu melhores técnicas de plantio, que quadruplicaram o aproveitamento da terra. "Quando fui ao BNDES expor o custo da estrutura, eles pularam na cadeira. Não podiam acreditar", recorda-se Rosa.

Mas a carreira do agrônomo foi repentinamente interrompida com o fim do mandato do primeiro prefeito. Foi quando, por iniciativa de um analista de projetos do BNDES, Rosa foi apresentado à Fundação Ashoka, que identifica e apóia financeiramente empreendedores sociais em todo o mundo. Era evidente que Rosa estava atacando a raiz dos problemas que levavam ao êxodo do campo. O dinheiro da Ashoka, 9, 6 mil dólares por ano, permitiu que continuasse o trabalho. Contrariado com a burocracia oficial e pela descontinuidade dos projetos a cada troca de governo, em 1991 ele e o eletricista Mello criaram a empresa STA Agroeletro e passaram a trabalhar com unidades autônomas geradoras de energia solar fotovoltaica. Cinco anos depois, tinham instalado setecentos sistemas de energia solar em dezesseis estados brasileiros. "Por mais genial que seja a rede, não resolve todos os problemas. Há lugares em que é impossível construir uma rede. Então precisamos combinar outras tecnologias, como a solar fotovoltaica, uma turbina eólica ou microcentrais hidrelétricas", diz.

Mais do que novas tecnologias, ele percebeu que estava desenvolvendo modelos de gestão. Mas o negócio com a energia solar, que crescia por demanda de mercado, ainda não deslanchara. Em 1997, enquanto instalava uma placa solar em Januária, no norte de Minas Gerais, em um projeto com uma cooperativa de assentados da reforma agrária que decidira investir nos painéis solares, uma moradora comentou o quanto sua vida iria mudar dali para a frente porque não precisaria mais caminhar 5 quilômetros, quase todos os dias, para comprar querosene para o lampião, velas e pilhas para o rádio.

"Eu percebi que eles tinham uma conta de luz subterrânea. "Fez o cálculo e descobriu que cada família gastava cerca de 13 dólares por mês com energia não renovável e poluidora. Neste ano, criou a organização não-governamental Ideaas, sigla do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto-Sustentabilidade. "Um ano e meio depois, a Ashoka lançou um concurso para empreendedores sociais que consistia em criar planos de negócios para sua instituição ser sustentável. "Se o Fundo Ideaas comprasse as placas, poderia alugar os sistemas de energia solar por um preço que as famílias tinham condições de pagar, pois já gastavam com o que ele chama de "conta subterrânea". "Provei que num prazo de cinco anos poderia resgatar o investimento inicial se tivesse sede capitalista, mas poderia guardar metade para as trocas de baterias, necessárias entre o terceiro e o quinto ano, e a outra metade manteria a estrutura administrativa e faria uma pequena sobra para ampliar o número de pessoas servidas. Cinco ou dez anos para cobrir o custo de um investimento em energia é muito pouco. Nossas grandes barragens são financiadas em trinta, até cinqüenta anos. E estou falando em energia renovável, então esse negócio não é uma loucura. "Desse modo surgiu o projeto Luz Agora!, que segue um modelo de negócio possível numa empresa social, mas inviável numa empresa convencional. Assim, a STA e o Ideaas se separaram no ano passado, seguindo rumos diferentes.

Aluguel A dona-de-casa Veranilda Lusia Pires da Silva e o marido, Luís, caseiro de uma chácara próxima da casa onde vivem, na serra da Boa Vista, município de Maquiné, no litoral gaúcho, alugam por 36 reais mensais um sistema básico: uma placa solar de 60 watts, quatro lâmpadas de 12 volts, uma bateria de 150 ampères e um controlador de energia de sete ampères. É o suficente para manter uma lâmpada acesa por oito horas. "Agora posso ler à noite e fazer crochê", festeja Veranilda, que mantém a geladeira a gás desligada. "Um botijão de 13 quilos custa 35 reais e dura só 22 dias, é muito caro", diz ela, que já tem o fogão e o chuveiro a gás. O preço de instalação é 350 reais, pagáveis em três parcelas, "mas raramente eles chegam a bancar o custo total da instalação, já fiz um por 100 reais, era o que a família podia pagar", afirma Higor Renck da Silva, responsável pela instalação e manutenção dos sistemas de energia solar na região. Baseado no município de Osório, ele participa do desenvolvimento de uma geladeira adaptada para funcionar com placa solar, a ser ofertada por um aluguel mensal que será bem menor do que o preço de um botijão de gás. Há outras aventuras tecnológicas em projetos menores. Em Laguna (SC), Rio Grande e São José do Norte (RS), cada pescador de camarão gasta 3, 5 mil reais, em dois meses da safra, com gás para o lampião. O Ideaas está desenvolvendo um lampião solar para substituir o antigo.

"É claro que não posso viver só desse trabalho", diz Renck, que também ajuda o pai na fábrica de esquadrias da família. "O Fábio Rosa me ganhou no dia em que fui acompanhá-lo para aprender a fazer a instalação dos sistemas de energia solar. Andamos por uma trilha no mato até chegar a uma clareira com um casebre de chão de terra batida, onde viviam uma anciã e uma menina. Quando a lâmpada acendeu, a mulher jogou-se de joelhos aos meus pés, agradecendo, e disse que achava que ia morrer sem conhecer luz elétrica. Depois disso, não largo mais esse trabalho", lembra Renck.

A família de Veranilda da Silva vive em uma localidade perto do mar, mas a 700 metros de altitude. São poucas as moradias. Criaram os três filhos à luz de lampião. "De manhã, as narinas do bebê estavam pretas de ficar respirando a fumaça de querosene durante a noite. "Seu vizinho Manuel Fisher, caseiro de uma fazenda improdutiva de 300 hectares há vinte anos, mora com o filho que trabalha como servente de pedreiro e acha que o ganho com os painéis solares "não é grande coisa, nem dá pra funcionar uma geladeira, e a TV pega mal". Fisher sonha em mudar-se para uma pequena chácara que adquiriu, 20 quilômetros mais perto da vila. Mesmo julgando que a energia que tem não é tão farta quanto a das redes urbanas, ele paga sua conta de luz sempre adiantado.

Praticamente numa volta às origens, o Ideaas agrega a disponibilidade de energia renovável a estímulos para produção, geração de renda e melhoria da qualidade de vida no meio rural, dentro de outro projeto, batizado de Quíron. Os primeiros módulos estão na zona rural do município de Encruzilhada do Sul, numa vasta região pobre conhecida como Metade Sul do Estado. O Quíron consiste não apenas em levar energia, mas em implantar um plano de longo prazo para geração de renda. A propriedade passa por três fases produtivas:no primeiro ano, a renda mensal média pode triplicar com a colheita de feno de alfafa, por exemplo; a partir do terceiro ano, a renda média aumenta cinco vezes com a colheita de uvas para fornecimento às vinícolas; e, em vinte anos, aumenta 25 vezes, com a produção de madeiras nobres nativas para a indústria moveleira, concentrada na região da serra gaúcha. Seis meses depois de ter acesso à energia, 80% das famílias de Encruzilhada tinham adquirido telefone celular. Para elas, o único meio de comunicação com a cidade.

Psicologia Hoje, ele visita as comunidades acompanhado de uma psicóloga. "Estamos falando de gente. Eu sei que tenho de trabalhar com melhoria da renda familiar, mas como explicar a uma pessoa que não tem água para beber que ela vai ter de capinar o dia todo? Não funciona assim, primeiro você tem de estabelecer relações. Das várias possibilidades que temos de chegar a isso, a que mais caminha hoje passa pelo acesso à energia. Para nós, esta é a oportunidade de iniciar um processo de mudança. A luz, ou o acesso a esse código da modernidade, tem um significado:o cidadão sente-se incluído na sociedade. "

A Metade Sul está sendo palco de grandes plantios de eucalipto por indústrias papeleiras para fabricação de celulose. Os investimentos têm gerado polêmica. O Ideaas também desenvolve um modelo de manejo florestal. No município de Alegrete, na fronteira oeste do estado, usou espécies madeireiras nativas da mata atlântica. Começou há quatro anos. "Agora estamos medindo o desempenho dos vegetais. Temos mais doze ou treze anos para entrar em boa produção", prevê Rosa. São 25 espécies de árvores, de três tipos: as pioneiras (que crescem mais rápido e farão sombra para as demais), as de floresta intermediária e as de madura (madeiras nobres, como louro ou cedro, só se desenvolvem bem na sombra). Um metro cúbico de eucalipto vale 200 reais para o produtor. Um metro cúbico de cedro vale 2 mil reais. "Podemos produzir isso em quinze ou vinte anos, como apontam nossos estudos, e encontro uma oportunidade de negócio muito interessante e uma aplicação prática do que significa entender e valorizar a biodiversidade. Não estou falando em cortar árvores nativas, mas em coletar nosso banco genético e passar a manipulá-lo de forma inteligente, inclusive para recuperar áreas degradadas", explica. "Os franceses importam o fruto da aroeira, colocam em frascos e exportam como pimenta, um rico condimento. Por que não plantamos aroeira e fazemos um projeto para comunidades? Não é difícil! Por que ninguém fez?"

Para Fábio Rosa, as espécies exóticas têm um papel a cumprir. "Até porque não temos alternativa, hoje somos prisioneiros disso, precisamos desse processo, mas temos de criar uma situação mais inteligente e, além disso, boa para todo mundo: para a natureza e para a gente. E para prender o homem no campo. Numa propriedade de 5 hectares, se 1 hectare for reservado para produção de madeira nativa, em vinte anos o produtor passa a receber por mês 1, 7 mil dólares. Eles plantam cana, alguns têm gado. O conceito do projeto é criar um fluxo de caixa estável para o produtor rural. "

Custos Em projetos assim, tirar uma família da miséria e levá-la a um nível de pobreza com dignidade tem custo médio em torno de 15 mil dólares, em três anos de investimento. É um valor relativamente alto se não for contabilizado o impacto social e ambiental. O BNDES trabalha com a cifra de 5 mil dólares em investimentos em infra-estrutura para criar um emprego urbano. O custo para assentar uma família numa vila, com casa popular e saneamento básico, gira em torno de 4 mil dólares. "Isso é para restabelecer alguém que saiu de um lugar e foi para outro. Deixar o homem lá talvez valha muito mais a pena, até pela questão cultural", argumenta Rosa. "Temos observado que o acesso à energia elétrica catalisa o interesse de todos. Os 15 mil dólares vão em acesso à energia, na infra-estrutura da casa e na implantação da área produtiva. Assim que podem, a primeira coisa que fazem é melhorar as coisas básicas: o fogão (as mulheres são muito vulneráveis a moléstias pulmonares), o acesso à água e fazer um banheiro. É impressionante isso. Passei a considerar que a melhor forma de introduzir um processo de mudança comportamental não é entrar pressionando pela questão econômica, mas sim com as coisas que movem a vida das pessoas: a melhoria das condições da habitação, a perspectiva de ter os filhos bem cuidados, de ter um banheiro. . . "

Seis meses depois de ter acesso à energia, 80% das famílias de Encruzilhada tinham adquirido telefone celular. Para elas, o único meio de comunicação com a cidade
 

Apoio A esta altura, Fábio Rosa atraiu outros apoiadores, entre eles a Fundação Schwab, da Suíça, ligada ao Fórum Econômico Mundial, do qual Rosa já participou quatro vezes. Lá, ele foi colocado em contato com uma fundação familiar holandesa que, em 2004, doou anonimamente 103 mil euros por meio da Schwab, aproveitando um mecanismo legal que autoriza abater esse tipo de doação do Imposto de Renda. "O que essa fundação holandesa está fazendo é um investimento na utopia. Ela é quase uma ação entre amigos. É pouquinha gente. Hoje é mais fácil, para mim, conseguir dinheiro no exterior do que no fundo do Luz para Todos, que foi um troço que eu inspirei.  Então, fico fazendo projetos e mandando para todos os lugares. "

melhorespraticas4_20Placa captadora para geração de energia solar no alto de uma casa na Serra da Boa Vista (RS)

 

O problema é que o Luz para Todos só admite negociações com as concessionárias de energia. Rosa está em campanha, novamente, para alterar a lei. Conseguiu fazer chegar à Câmara dos Deputados, em Brasília, um Projeto de Lei instituindo o Programa Brasileiro de Geração de Energia

Elétrica, que aceita a figura do gerador independente. " Esse negócio muda de língua, de país, mas é sempre igual:o modelo construído está todo voltado para as concessões e não admite os pequenos agentes de energia - os Ideaas da vida. Fizemos um estudo profundo do marco regulatório da geração centralizada no Brasil, das questões de acesso à energia e concluímos que é preciso introduzir outras figuras, independentes e sustentáveis, não no sentido de hostilizar as concessionárias, mas para a sociedade ter outras ferramentas. " Ele sabe que o processo provavelmente levará anos. Não importa, nunca viu nada nessa área mudar de um dia para o outro. Apenas acha que as concessionárias podem colaborar para o desenvolvimento dessa cultura de gestão descentralizada. "Há cem anos, não sabiam falar disso, só sabiam trocar lampião a gás, e se modificaram. É uma teoria de contaminação do mundo oficial. O modelo atual é bom para as cidades, mas não é universal. Temos de reconhecer que essas populações rurais são desinteressantes para esse tipo de companhia: consomem pouco, dão trabalho e expõem a concessionária aos rigores da regulamentação - ninguém vai querer levar uma multa da Aneel por não fazer uma religação no prazo estipulado, por exemplo, por causa de uma conta de luz de 10 reais por mês. "

Filosofia

Mas não será mais essa dificuldade que irá desanimar Rosa. Enquanto espera que os processos se resolvam, ele filosofa:"A única coisa que podemos fazer é inspirar os outros a entender quem precisa muito da ajuda de outras pessoas. Fazer é fazer bemfeitinho, ver o que funciona, ver as falhas a aperfeiçoar continuamente. Criar coisas novas e difundir. "No futuro, a idéia é formar um centro internacional de geração descentralizada. " Se somos referência no mundo, então é mais fácil as pessoas virem ver o que está acontecendo aqui do que eu viver viajando para Índia, África. . . A filantropia não vai ter dinheiro para financiar tudo, vai ter de chamar o capital privado, vai ter de virar negócio", conclui.

 
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