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Arma contra danos da chuva - Minibarragens ajudam a evitar erosões...

2009 . Ano 7 . Edição 55 - 17/11/2009

Minibarragens ajudam a evitar erosões, aumentam produtividade do terreno, alimentam os mananciais e asseguram o abastecimento de água na área rural

Suelen Menezes - de Brasília


O Brasil tem um grande número de rios, abundância de chuvas e detém cerca de 13% de toda a água superficial do planeta. Somem-se ainda os depósitos subterrâneos e chegase à seguinte conta: o País oferece a cada habitante 34 milhões de litros de água por ano. O necessário para manter a higiene, matar a sede e preparar as refeições é de um milhão de litros. Enquanto isso, mais de um bilhão de pessoas, a maioria no Oriente Médio e no norte da África, convivem com a falta de água.

Mesmo com toda essa abundância, o Brasil também tem regiões que sofrem com a seca e a falta de água. A região Norte, onde vivem 10% da população, concentra 70% das reservas do País, e falta água, por exemplo, na região do semiárido e nas capitais do Sudeste. Para diminuir os impactos da chuva e da seca na vida dos agricultores, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) implantou, há 15 anos, o projeto "Barragens de Contenção de Águas Superficiais de Chuva". São pequenas barragens, mais conhecidas por barraginhas. A técnica é simples, mas hoje é reconhecida como uma solução para enfrentar, na área rural, as intempéries da natureza.

Luciano Cordoval de Barros, engenheiro agrônomo da Embrapa e coordenador do projeto, explica que as barraginhas são pequenas bacias construídas para captar a água da chuva a fim de evitar que elas escoem e provoquem erosões e enchentes. A intenção é que a água permaneça nesses miniaçudes pelo menor tempo possível, de modo que ela infiltre e recarregue o maior número de vezes, durante o ciclo chuvoso, e proporcionem a elevação do nível de água dos lençóis freáticos. O projeto é uma iniciativa da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas, Minas Gerais, mas a tecnologia, recomendada especialmente para a recuperação de regiões degradadas, pode ser aplicada em todo o País.

O resultado imediato das barraginhas é o controle de erosões, a revitalização de córregos e rios, maior tempo de umidade dos solos de baixadas e diminuição dos efeitos das enchentes. As barraginhas também amenizam os efeitos das estiagens, mantendo por mais tempo a umidade do terreno e a reserva de água para consumo. A eliminação do caminhão-pipa nas regiões semiáridas é outra consequência positiva do sistema, que deve estar aliado às atividades de conservação do solo, como o plantio direto.

Segundo Cordoval de Barros, outro benefício do projeto é favorecer o plantio de lavouras, hortas e pomares no entorno umedecido das barraginhas. "Em regiões semiáridas, por exemplo, as barraginhas podem captar a água de uma chuva intensa e concentrada e armazená-la para períodos secos", explica. Com o armazenamento da água e a umidade dos terrenos mais baixos, criam-se condições para o surgimento de mananciais e para o aumento da produtividade agrícola. Outra vantagem da tecnologia é a revitalização de córregos e rios e o surgimento de minas e nascentes.

A técnica de construir minibarragens é milenar, mas seu uso em maior escala no Brasil ainda é recente. "Existiam casos isolados de minibarragens construídas há 20, 30 anos pelos próprios agricultores. Mas a Embrapa, além de desenvolver a tecnologia das barraginhas, criou uma metodologia de disseminação e treinamento para que as comunidades parceiras pudessem construir suas próprias barraginhas. Treinamos técnicos e gestores para permitir a formação de multiplicadores. O diferencial do projeto está na sua forma de disseminação, pois a captação da água da chuva é utilizada há mais de dois mil anos", explica o coordenador.

Segundo ele, as minibarragens reduzem também os estragos na plantação que seriam provocados pelo excesso de chuvas. Tanto na região do semiárido como no Brasil Central, onde há abundância de chuvas, o projeto barraginhas tem tido sucesso. No Brasil Central chove entre 1.200 mm e 1.800 mm por ano. Já no semiárido, chove, em média, 600 mm por ano.

Nos dois casos as barraginhas captam a água da chuva e reduzem a força das enxurradas. A água depositada nesses reservatórios mantém a infiltração do terreno por mais tempo e possibilita a formação de lagos subterrâneos. Sem as pequenas barragens, as enxurradas provocariam inúmeros danos. E a construção de uma barraginha é simples: basta o auxílio de uma pá carregadeira para abrir a bacia que vai receber a água da chuva. "Dá para fazer oito barraginhas num dia, ao custo de R$ 150 cada uma. A tecnologia é de baixo custo e facilmente aceita pelos beneficiários. O treinamento consiste em passar a ideia para a comunidade, criar unidades demonstrativas em vários lugares do país, implantadas pela própria comunidade, aliando o ensino à prática. O nosso objetivo é que as pessoas estejam aptas a implantar o projeto e que cada comunidade beneficiada se torne uma vitrine", explica Cordoval de Barros.

"A oferta de água em quantidade e qualidade compatíveis com a necessidade da população tem como resultado a redução nos custos de tratamento dos recursos hídricos pelos órgãos públicos, o que gera um benefício para toda a sociedade. Todos são beneficiados com a tecnologia, mas os que mais ganham com a implantação das barraginhas são os agricultores familiares", ressalta.

Parcerias - Em 15 anos de projeto, mais de 200 mil barraginhas foram construídas e cerca de 20 mil pessoas foram treinadas nos estados de Minas Gerais, Tocantins, Ceará, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, além do Distrito Federal. Para a disseminação do projeto, a Embrapa conta com o apoio de parceiros como Fundação Banco do Brasil, Petrobrás, Agência Nacional das Águas, ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social e Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Nos municípios, as parcerias são com prefeituras, sindicatos de trabalhadores e produtores rurais, igrejas e organizações não-governamentais.


Prêmio ODM Brasil

Na primeira edição do Prêmio ODM Brasil, em 2005, a tecnologia social das barraginhas conquistou o primeiro lugar na categoria "organizações". O Prêmio ODM Brasil é uma iniciativa pioneira para incentivar, valorizar e dar maior visibilidade a práticas que contribuam efetivamente para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), um conjunto de oito metas que os 192 países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), entre eles o Brasil, assumiram o compromisso de cumprir até 2015.

 
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