resep nasi kuning resep ayam bakar resep puding coklat resep nasi goreng resep kue nastar resep bolu kukus resep puding brownies resep brownies kukus resep kue lapis resep opor ayam bumbu sate kue bolu cara membuat bakso cara membuat es krim resep rendang resep pancake resep ayam goreng resep ikan bakar cara membuat risoles
Entre a economia e as relações internacionais

2004. Ano 1 . Edição 3 - 1/10/2004

por Paulo Roberto de Almeida

livro01

A moeda é irrelevante. O crédito é que é importante. Essas poderiam ser as duas lições sintéticas deste livro, tão denso em argumentos quanto elegante na redação (a despeito das muitas equações e gráficos de tendências). Ele poderia ainda ostentar como subtítulo: o crédito global e seus benefícios.

Com efeito, à diferença do seu libelo anterior contra a economia global e o FMI (A globalização e seus malefícios), ou da sua história compacta (e imediata) sobre Os Exuberantes Anos 90, esse livro deixa a atmosfera carregada das manifestações antiglobalização para penetrar no ambiente geralmente mais circunspecto dos cenáculos dedicados aos debates teóricos. Como indica sua apresentação, ao contrário da teoria monetária prevalecente, o livro se concentra "não no papel da moeda como facilitador de transações, mas no papel do crédito como facilitador de atividades econômicas de maneira geral". O novo "paradigma" referido no título enfatiza a demanda e a oferta de fundos de empréstimo, o que requer a compreensão das imperfeições da informação e do papel dos bancos.

O livro derivou de palestras que os autores deram em 1999 a convite da Banca Commerciale Italiana e da Università Commerciale Luigi Bocconi, que tinham o propósito de unir teoria econômica e prática política, fazendo a junção entre a economia que se estuda nas academias e a realidade da economia global. Os dois pesquisadores vinham trabalhando suas teses por quase duas décadas quando o trabalho teórico foi interrompido ao longo de sete anos. Stiglitz assumiu os cargos de presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente Bill Clinton, depois como economista chefe e vice-presidente do Banco Mundial, período em que se desentendeu com seus colegas do FMI pela maneira como eles estavam administrando as crises financeiras dos países asiáticos. Esse período tumultuado ofereceu, aparentemente, um campo de testes para suas idéias e eles ficaram convencidos de que não apenas elas estavam certas como eram importantes e relevantes: "Se as perspectivas de política monetária que estávamos desenvolvendo tivessem sido amplamente adotadas, o FMI poderia ter administrado muito melhor a crise financeira global de 1979-1999".

É possível, mas, assim como os caminhos do inferno, os itinerários da "história virtual" (what if?) - o "se" que a frase acima explicita -, podem estar pavimentados de boas intenções: não saberemos jamais se os exercícios de economia alternativa, propostos de forma estridente por Stiglitz a partir de seu escritório no Bird, disparando rajadas de petardos oratórios contra seus colegas do FMI, teriam ou não sido mais eficientes na superação da crise financeira do que as medidas contracionistas recomendadas pelo Fundo.

O mais importante do livro é ressaltar que o crédito não é uma mercadoria igual às outras e que os manuais que se concentram na moeda como meio de troca falham em seus objetivos conceituais. Ele situa-se no campo da economia institucional, já que ressalta o papel central dos bancos no sistema de "equilíbrio geral" de crédito mais amplo, cujas interdependências são tão importantes quanto aquelas tradicionalmente discutidas nos mercados de bens e serviços.

A parte empírica do livro toma embasamento nas relações monetárias e nas práticas de política monetária ocorridas nos Estados Unidos e em outros países ao longo das últimas décadas, quando mudanças importantes ocorreram na estrutura institucional do sistema bancário. Os autores argumentam que as mudanças nas relações monetárias e as diferenças entre os países podem estar ligadas às variações institucionais no sistema. Em momentos de crise, a política monetária passa a desempenhar um papel crucial e os modelos tradicionais de economia monetária falham de forma dramática. "A incapacidade de entender aspectos cruciais das instituições financeiras e suas mudanças está por trás de alguns fracassos recentes das políticas macroeconômicas, incluindo a recessão dos Estados Unidos em 1991 e as severas recessões e depressões do Leste Asiático que começaram em 1997", argumentam.

Pode-se concordar com os autores tanto em sua coerência intrínseca do ponto de vista da teoria econômica como de sua utilidade prática do ponto de vista das políticas efetivamente aplicadas, mas dificilmente se poderia argüir que o foco principal desse novo "paradigma" é realmente novo ou inédito. Afinal de contas, desde o Renascimento banqueiros como os Médici, os Pazzi e os Strozzi, na Florença de Maquiavel, já tinham percebido que a moeda em si não era relevante para sua atividade de banqueiros "multinacionais" (ou, em todo caso, multieuropeus e mediterrâneos). Os banqueiros são os verdadeiros heróis da economia monetária, nos tempos turbulentos de Maquiavel ou nos tempos turbulentos da globalização financeira, tão bem analisada nesse livro "paradigmático".

 
Copyright © 2007 - DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação sem autorização.
Revista Desafios do Desenvolvimento - SBS, Quadra 01, Edifício BNDES, sala 1515 - Brasília - DF - Fone: (61) 2026-5334