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Terror sem fronteiras

 

2005. Ano 2 . Edição 13 - 1/8/2005

Ottoni Fernandes Jr.

A ousadia foi incrível. No dia 21 de setembro de 1976, uma bomba destruiu um carro que circulava bem no centro de Washington, a capital norte-americana, na Embassy Row. Matou Orlando Letelier, ex-ministro do Exterior chileno no governo de Salvador Allende e principal articulador da oposição democrática à ditadura comandada por Augusto Pinochet, que assumiu o poder no Chile em 11 de setembro de 1974. Também morreu Ronni Moffitt, norte-americana que assessorava Letelier, mas seu marido, Michael, escapou com vida e imediatamente apontou a Dirección de Inteligência Nacional (Dina), do Chile, como responsável pelo atentado. Ele tinha razão, como foi comprovado nas investigações conduzidas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

A ação do comando terrorista chileno estava inscrita num contexto bem maior, uma articulação dos governos militares de seis países da América Latina para combater seus opositores em qualquer parte do mundo e que recebeu o nome de Operação Condor. O livro Os Anos do Condor, de John Dinges, que foi correspondente do Washington Post na América Latina, relata a primeira reunião para montar a Operação Condor, realizada na Academia de Guerra do Exército, em Santiago do Chile, em novembro de 1975, com a presença de representantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, todos funcionários dos serviços de inteligência militar. Durante uma semana debateram as melhores formas de derrotar aquilo a que se referiam como subversão, terrorismo ou comunismo internacional, mas que servia para designar os diversos grupos que faziam oposição, pacífica ou armada, às ditaduras militares que dominavam os países representados.

A Operação Condor permitiu que líderes da resistência chilena fossem presos em Assunção, no Paraguai, e remetidos para o Chile, onde acabaram assassinados. Também organizou ações conjuntas das forças repressivas do Uruguai e da Argentina para assassinar exilados uruguaios em Buenos Aires. Baseado em entrevistas com vítimas e algozes, documentos oficiais e investigações judiciais para punir os mandatários dos atos terroristas da Operação Condor, Dinges reconstitui como operou essa coordenação internacional dos serviços repressivos da América Latina.

Outro mérito do livro é mostrar como a Justiça de países como Itália ou Espanha agiu, nos anos 90, para investigar e punir responsáveis por atentados cometidos em seus territórios ou para responsabilizar quem assassinou naturais desses países nas ditaduras militares latino-americanas. Foram considerados crimes contra a humanidade, baseados no mesmo princípio jurídico que norteou as ações do Tribunal de Nuremberg, que processou criminosos de guerra nazistas. Emergiu uma nova jurisprudência que permitiu, por exemplo, a deportação para a Espanha de um militar argentino que vivia no México e foi responsável pelo assassinato na Argentina de um cidadão espanhol.

 
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