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Livros e publicações

2006. Ano 3 . Edição 28 - 8/11/2006

Idéias, ainda que tardias

A bandeira do estado dos inconfidentes proclama a liberdade,"ainda que tardia".Algo semelhante ocorre com as idéias políticas brasileiras,que sempre parecem intervir de modo defasado, quando não anacrônico, ou estar "fora do lugar", como afirmaram acadêmicos da Universidade de São Paulo (USP).Weffort é um acadêmico da USP que aderiu precocemente ao PT.Depois, deve ter julgado anacrônicas,ou tardias, as idéias econômicas desse partido e serviu, durante oito anos, como ministro de Fernando Henrique Cardoso.

As idéias e personagens de seu livro não chegam, contudo, à contemporaneidade, com as únicas exceções de Gilberto Freyre e Hélio Jaguaribe (mas até os anos 1950, apenas). Weffort retraça o itinerário de nossa formação política,desde o descobrimento até a segunda República.Os jesuítas ficaram imersos no universo mental da contra-reforma, a ilustração pombalina foi um reflexo tardio do mercantilismo, as idéias avançadas de José Bonifácio foram derrotadas pelos escravistas retrógrados da independência, e o industrialismo e o "papelismo" de Mauá tiveram de confrontarse com as propostas atrasadas dos agraristas e dos "metalistas".

O livro é menos uma formação do pensamento político do país - é duvidoso que ele seja, efetivamente,"brasileiro"- do que um exame da sucessão de idéias em voga no Brasil, importadas,em grande medida. Ele é também uma avaliação do maior ou menor efeito social provocado por seus portadores ou propositores, alguns deles claramente na vanguarda da sociedade, como Nabuco,que teimava em fazê-la avançar, sem grande sucesso porém.Não chega a ser novidade a reafirmação da prevalência do Estado sobre a nação ou a luta inglória dos nossos poucos intelectuais contra o atraso e a desigualdade. Euclides da Cunha constatou como a "civilização" esmagava uma suposta "barbárie"em Canudos, e Oliveira Viana,Sérgio Buarque,Caio Prado e tantos outros não se espantavam em confirmar a persistência do patrimonialismo ibérico.Weffort acredita que ainda temos ressonâncias do medievalismo português e ressalta os modismos importados: as manias francesas, o estilo político inglês do Império, o americanismo da República, tudo isso no quadro de um arraigado iberismo cultural.

Até meados do século XX, quando se completa a "formação do pensamento" tido como relevante pelo autor,as idéias eram trabalhadas à margem das universidades, que só a partir dos anos 1950 começam a fazer a "substituição das importações"no terreno da interpretação.Original, além de precoce, foi Gilberto Freyre, que forneceu idéias que depois seriam trabalhadas pela École des Annales.Mesmo o nosso nacionalismo econômico, consubstanciado no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb),tem muito a ver com as idéias econômicas da Comissão Econômica para América Latina (Cepal),da Organização das Nações Unidas (ONU),entre elas a que afirma, mais uma vez,o primado do Estado.Na fase inicial, mesmo Roberto Campos era favorável ao planejameto governamental.

Um posfácio sobre a história das idéias discute a dúvida de Raymundo Faoro,que perguntava, já nos anos 1990, se existia um pensamento político brasileiro.Quanto ao presente, a resposta é positiva,mas provavelmente não em relação às idéias e aos autores do passado, estudados por Weffort. Ele acha que sim, mas como extensão do pensamento luso, com algumas originalidades. Pena que não estude Silva Lisboa, provavelmente considerado apenas em sua dimensão econômica.Talvez o indianismo da tradição romântica contenha mais brasilidade do que as idéias políticas e econômicas, importadas de suas matrizes européias. Na passagem do século XIX para o XX, a idéia de brasilidade se confunde com os projetos de superação do atraso, que passa necessariamente pela redução das desigualdades. Parece que ainda não conseguimos levantar esse obstáculo.

Paulo Roberto de Almeida

estante1_629Formação do Pensamento Político Brasileiro: idéias e personagens
Francisco C.Weffort Editora Ática, 2006, 360 p., R$ 39,90

 

 

 

 

Os divergentes convergem

Esse livro representa, mais que um título,uma clara vitória.Em primeiro lugar, contra aqueles que Gustavo Franco chama de representantes do esquerdismo nacionalista jurássico, que pretendem ser desenvolvimentistas, mas só contribuem para o atraso do país.Em segundo lugar, contra o jargão econômico, pois apresenta, de modo claro, idéias sofisticadas de forma amplamente compreensível ao mais leigo dos leitores. Em terceiro e mais importante lugar, contra o esquecimento da história, em face da tendência a diluir a luta contra a inflação num continuumcoletivo liderado por Fernando Henrique Cardoso, sem dar o devido crédito aos matadores do dragão.O autor merece ganhar a estátua de São Jorge.

Gustavo Franco não precisaria humilhar, mas o fato é que muitos dos 189 artigos aqui reunidos arrasam os partidários da pseudociência e do curandeirismo econômico com tamanha lucidez e ironia que não se sabe como eles resenharão esse livro em suas revistas universitárias.Ele provavelmente será ignorado nesses bastiões da magia econômica, o que é uma pena, pois tem muito a ensinar,mesmo a marmanjos da academia.

Triste saber, porém, que o debate econômico no Brasil é escamoteado não apenas nas universidades. Um garoto de 13 anos escreveu com dúvidas sobre a dívida externa (p. 566),mas dificilmente Gustavo Franco poderia ajudá-lo na tarefa escolar: o professor estava querendo uma denúncia do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao estilo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e não uma explicação sobre as contas externas. Da mesma forma, os antiglobalizadores não estão interessados em saber como funciona o mundo, apenas em perturbar o ambiente dos negócios, reduzindo empregos e impedindo o desenvolvimento dos mais pobres.

A maior parte do livro se ocupa da economia doméstica, isto é,de nossa difícil reconversão à normalidade.Gustavo Franco não se cansa em rebater idéias simples e erradas,como quando pede,por exemplo, "por uma política não industrial",ou quando retraça a trajetória do Banco Central na difícil tarefa de defender o poder de compra da moeda,com todos os políticos trabalhando contra.Nada mais hilário do que ler, hoje, sobre as heróicas tentativas dos parlamentares de elevar,nos anos 1990, o salário mínimo ao "inédito"valor de 100 dólares: como diz o autor,"os governantes estão livres para errar" (p. 217). E como erram os governantes! A julgar pelos debates desses anos e os que ainda hoje ocorrem, parece que avançamos a passos de cágado, quando não andamos para trás.

Paulo Roberto de Almeida

estante2_628Crônicas da Convergência: ensaios sobre temas já não tão polêmicos
Gustavo H.B. Franco Editora Topbooks, 2006, 598 p., R$ 59,00

 

 

 

 

Uma aventura alemã

Quem vê um exemplar de A Fuga do Bremen nas livrarias,de autoria de Peter A.Huchthausen, pode pensar que se trata de um alemão entusiasmado com uma das maiores façanhas de guerra realizadas por um navio de passageiros. Não é o caso.Huchthausen é capitão da Marinha norte-americana e atuou na Guerra do Vietnã.

Talvez por ser homem do mar, consiga avaliar bem o feito do capitão AdolfAhrens. Ao comando do Bremen,o maior e mais luxuoso navio de cruzeiros do mundo, ele estava atracado no porto de Nova York em agosto de 1939, quando explodiu a Segunda Guerra Mundial.Contrariando os esforços do presidente Roosevelt, fugiu rumo à Alemanha disposto a enfrentar o bloqueio britânico do Atlântico Norte. A imensa embarcação foi camuflada em movimento e em alto-mar, pintada com cores cinzas e sem nenhuma identificação de nacionalidade. Até lançar âncora em Bremerhaven, a tripulação permaneceu por quatro meses e três semanas a bordo do transatlântico.Durante todo esse tempo, os marinheiros estiveram prontos para afundar o navio caso caísse nas mãos dos ingleses.

O livro é repleto de cartas,mensagens de rádio e depoimentos que dão um tom realista à narrativa. É uma leitura envolvente,só prejudicada pela péssima qualidade da tradução.

Andréa Wolffenbüttel

estante3_628O Futuro Chegou - Instituições e Desenvolvimento no Brasil Maílson da Nóbrega Editora Globo, 2005, 400 p. , R$ 45,00

 
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