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Quinze anos de Mercosul

2007 . Ano 4 . Edição 33 - 10/4/2007

Quinze anos de Mercosul

Aos 15 anos, o Mercosul chegou à adolescência.Como todos os jovens nessa faixa de idade, ele não sabe bem o que pretende ser quando se tornar adulto e não se conforma muito ao padrão ideal traçado para ele pelos "pais fundadores".Quando pequeno, tudo parecia sorrir para o Mercosul. Depois, algumas desavenças internas minaram a paz do lar e o Mercosul nunca mais voltou a ser o mesmo: entrou na adolescência já com sérios problemas de comportamento e seus membros não parecem ter projetos coincidentes para o futuro.

Esse livro oferece um panorama amplo e realista das muitas conquistas alcançadas e de algumas frustrações acumuladas ao longo dos anos.O argentino Félix Peña desmistifica alguns mitos ou incompreensões quanto ao alcance dos conceitos de "união aduaneira" e "mercado comum".Ele reconhece as dificuldades e não tem a pretensão de resolvê- las com fórmulas mágicas.Por isso propõe um caminho baseado numa arquitetura flexível,dotada de três velocidades:Brasil e Argentina caminhariam mais rápido, os dois menores teriam facilidades adicionais e os associados fariam sua integração gradativa aos requerimentos da união aduaneira. Faltou dizer o que fazer com a Venezuela.Outro argentino, o ex-secretário da Indústria e Comércio,Dante Sica,faz o balanço das mudanças econômicas ocorridas nos diferentes setores e ramos produtivos dos membros, bem como nas suas macroeconomias.Admite a existência de assimetrias,mas sua proposta seria uma volta ao espírito do Programa de Integração e Cooperação Econômica (Pice) dos anos 1980.

O representante oficial do Ministério das Relações Exteriores tratou da questão institucional, ostentando uma postura equilibrada quanto à não-opção pela supranacionalidade, um falso problema criado por espíritos acadêmicos.Ele prefere contrapor a essa alternativa teórica o reforço da efetividade das decisões adotadas de comum acordo,cuja transposição para o terreno prático carece, precisamente, da eficácia requerida de normas que garantam a segurança jurídica num espaço verdadeiramente integrado.O ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas aborda macroeconomia e finanças, demonstrando preocupação com a interferência direta do governo da Venezuela nos mercados.

estante183Mercosul 15 Anos Rubens Antônio Barbosa (org.) Imprensa Oficial do Estado de SP, 2007, 304 p., R$ 40,00

 

 

 

 

 

 

O economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),Uziel Nogueira, examina os aspectos políticos e sociais, apontando a maior cooperação patronal na área agropecuária e o acirramento das relações no setor industrial.Marcel Vaillant, consultor da Secretaria Técnica do Mercosul, aborda as negociações comerciais externas: os resultados são escassos em vista das expectativas geradas e existe a ameaça da perda de mercados em razão dos acordos bilaterais entre os EUA e países da região.O representante uruguaio na Associação Latino- Americana de Integração (Aladi),Augustin Espinosa, trata em detalhe da integração física (energia,telecomunicações),da cooperação judicial e do Fundo de Correção de Assimetrias, o Focem.O Brasil, considerado de maneira equivocada um país "nãoassimétrico", contribui com 70% dos 100 milhões de dólares de obrigações não-reembolsáveis do Focem,mas só se beneficia com 10% dos projetos a serem financiados. Exnegociador pelo Brasil no Mercosul, o embaixador Rubens Barbosa faz a síntese dos trabalhos nas diversas áreas tratadas pelo seminário que deu origem ao livro.Conclui que o Mercosul não vai desaparecer, mas se encontra num "plano inclinado".

As mudanças são, obviamente, sempre difíceis e não é seguro que elas sejam adotadas no futuro previsível.Estaria o Mercosul condenado a ser um eterno adolescente,ostentando uma espécie de "complexo de Peter Pan"? Impossível prever atualmente,tendo o bloco completado recentemente 16 anos, mas adolescentes tardios costumam dar mais trabalho do que o esperado.

Paulo Roberto de Almeida

Vinte anos de Brasil

 
Personalidades egocêntricas encomendam obras de arte com um foco enaltecedor de suas supostas qualidades: elas são egoisticamente centrípetas. O editor-historiador Jaime Pinsky é uma personalidade centrífuga e o lema de sua editora é,apropriadamente," promovendo a circulação do saber".Ele realmente tem muito a comemorar em vinte anos de disseminação ativa da cultura universitária, que ajudou a promover no Brasil pós-ditadura. Em lugar de uma grande festa, ele oferece um balanço honesto e uma avaliação sóbria de como o Brasil mudou - algumas vezes, para pior - nas duas primeiras décadas de existência da sua editora.

Uma consulta ao índice confirma que o retrato cobre campos relevantes da vida nacional: economia, trabalho e renda,política externa,política interna, direitos humanos, cultura,saúde,esportes,mulheres, jornalismo, turismo, cidades, nutrição, alfabetização, comportamento e estudos da língua.As mudanças mais perceptíveis foram provavelmente observadas na língua e nos comportamentos, com a geração Internet e um intenso recurso a novos modismos de origem americana. A economia e a política também sofreram grandes mudanças,mas o balanço nessas áreas pode não ser dos mais gratificantes, uma vez que as decepções se acumulam em ambas.

Antonio Corrêa de Lacerda refaz a trajetória de luta contra a inflação,mas é obrigado a constatar que as políticas econômicas mobilizadas foram incapazes de promover a retomada do crescimento.Márcio Pochman analisa as transformações estruturais no mercado de trabalho e lamenta as tendências à flexibilização da legislação trabalhista,sem registrar que a rigidez desta última está na origem da informalidade e do desemprego. Demétrio Magnoli não poupa o irrealismo da atual política externa,acusando-a de nostálgica do "Brasil Potência".Na política interna, Leandro Fortes enfatiza o crescimento do fisiologismo e da corrupção: ele acredita que ocorreu uma "despolitização deliberada do povo brasileiro nas últimas duas décadas".O paradoxo é que "a cultura política nativa estagnou- se nas bordas do século XIX,embora movida a urnas eletrônicas".No campo dos direitos humanos, Marco Mondaino constata que o Brasil legal avançou, mas mantém o abismo desumano do Brasil real, cruel para os pobres.

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O Brasil no Contexto, 1987-2007 Jaime Pinsky (org.) Ed. Contexto, 2007, 256 p., R$ 33,00

 

 

 

 

 

 

O texto sobre as cidades é sociologicamente impressionista, perdendo a oportunidade de efetuar um diagnóstico dos graves problemas urbanos acumulados em duas décadas de baixos investimentos em infraestrutura. Da mesma forma, o ensaio sobre alfabetização se perde em considerações tipicamente acadêmicas sobre a "psicogênese da língua escrita", o construtivismo e o letramento, deixando de lado o contexto desse grave problema: ele não é tão-somente residual, uma vez que o analfabetismo funcional estende-se assustadoramente (mas disso não há traço no texto).O médico Aristodemo Pinotti oferece,em contrapartida, uma boa apresentação das mudanças ocorridas na saúde,com a consolidação do SUS,a ampliação da cobertura,avanços na prevenção primária e a expulsão da classe média do sistema público.O capítulo seguinte informa que a desnutrição recuou bastante no Brasil, sendo hoje basicamente marginal; os problemas do sobrepeso e da obesidade "ganham corpo", se ousamos a expressão.Na política cultural, fomos do "neopopulismo difuso para a valorização do mecenato privado agenciado pelo Estado".

Nas "transformações da língua", acompanhamos a salada cultural dos neologismos, as inovações do "tucanês"e do "lulês", sem esquecer os ataques nacionalistas do deputado Aldo Rebelo contra os estrangeirismos e a voga do politicamente correto.As mulheres obtiveram grandes conquistas, mas sua participação política ainda é restrita. O texto sobre comportamento é pouco objetivo, enfocando as trajetórias diferentes de três mulheres de 20, 30 e 40 anos.Para o jornalismo, João Batista Natali prefere concentrar- se nas mudanças técnicas, que podem ameaçar a sobrevivência do papel e tinta. Nos esportes,Heródoto Barbeiro acompanha o crescimento do profissionalismo e o impacto da globalização, ao passo que o turismo recebe tratamento desigual,combinando dados objetivos com impressões do autor.Ataliba de Castilho, finalmente, realiza um excelente levantamento dos estudos lingüísticos no Brasil, com uma bibliografia atualizada e uma discussão bem estruturada dos progressos alcançados pela lingüística no país, inclusive graças ao próprio trabalho da Editora Contexto na difusão de bons títulos nessa área.

Não se oferecem conclusões nem Jaime Pinsky realiza,em sua introdução,uma síntese dos problemas tratados, contentandose em apresentar os autores e a se perguntar se os sonhos de democracia, de justiça social e as aspirações de cultura,saúde e alimentação balanceada podem ser realizados. Os autores são todos "prata da casa" e as receitas obtidas com a venda do livro são destinadas a projetos educacionais beneméritos. Excelente decisão para uma editora voltada para a "disseminação do saber". Vamos agora aguardar o livro dos trinta anos, em novo contexto...

Paulo Roberto de Almeida

 
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