2010 . Ano 7 . Edição 58 - 26/02/2010
Planejamento e Políticas Públicas - nº 33 Ipea - 322 páginas Liana Maria da Frota Carleial e Bruno de Oliveira Cruz - editores
Políticas públicas e resultados
A publicação Planejamento e Políticas Públicas traz, em seu número 33, 11 estudos sobre meio ambiente, mercado de trabalho, incentivos a polos e parques tecnológicos, transferência de renda e orçamento participativo, com a avaliação de casos concretos em regiões ou municípios. Os estudos mostram, por exemplo, que no semiárido nordestino predomina a chamada economia sem produção, ou seja, a economia sustentada em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, previdência e assistência social e nos salários pagos aos servidores públicos. As transferências de recursos para o semiárido do Nordeste aumentaram a partir de 1980, com a criação de novos municípios (e contratação de funcionários) e a extensão do direito de aposentadoria aos trabalhadores rurais. A instituição do Programa Bolsa Família deu novo impulso a essas transferências. Entretanto, a região continua a apresentar os piores indicadores sociais do País. Na avaliação dos técnicos do Ipea, isso indica que as transferências, de forma isolada, não são a melhor forma de promover o desenvolvimento.
Os exemplos da fruticultura às margens do rio São Francisco e do polo calçadista em Sobral (CE) demonstram que investimentos em infraestrura e incentivos fiscais coordenadorapodem transformar a realidade, com a implantação de uma economia dinâmica e moderna. Já as transferências não contribuem para criar uma economia dinâmica que gere emprego e renda. É preciso, portanto, complementar as transferências com investimentos que estimulem a produção e o desenvolvimento efetivo da região.
Cultivando os Frutos Sociais: A Importância da Avaliação nas Ações das Empresas Ipea - 90 páginas Anna Maria T. Medeiros Peliano - coordenadora
Medindo impactos das ação sociais
Grande parte das empresas investe em ações sociais, revelam os estudos do Ipea, que vem acompanhando a questão há 10 anos. Mas poucas se interessam em saber o resultado desses investimentos. A investigação desse fenômeno pelos técnicos do Instituto resultou na publicação de Cultivando os Frutos Sociais: A Importância da Avaliação nas Ações das Empresas, um trabalho que ressalta a importância da adoção de programas de avaliação e monitoramento da boa aplicação do dinheiro, de forma a obter os melhores resultados.
Embora caiba ao Estado atuar na área social, é considerável a ação das empresas e de entidades sem fins lucrativos em favor das populações mais pobres. Entre 2004 e 2006, por exemplo, aumentou de 59% para 69% a taxa das empresas que investiram R$ 5,5 bilhões nesse tipo de editoresação. "À relevância do assunto somam-se o ineditismo das informações apresentadas, seu caráter multiplicador tanto para estudos quanto para ações futuras, assim como a seriedade técnico-científica ímpar que sempre caracterizou os trabalhos desenvolvidos no âmbito da pesquisa, sem, contudo, circunscrever a compreensão do livro ao universo dos especialistas", escreve Marcio Pochmann, presidente do Ipea, na apresentação do livro.
A ação social das empresas ganhou relevância nos anos 1990, quando se contentavam em destinar parte dos seus lucros a esses projetos. Era esse o diferencial. Agora, surge uma nova fase: para se diferenciar, não basta o simples fato de liberar recursos, mas é preciso verificar se o dinheiro aplicado está efetivamente produzindo resultados na melhoria das condições de vida da comunidade. Embora seja pequeno o número de empresas que monitoram suas ações, o livro é uma importante contribuição ao debate e à tomada de consciência e um novo posicionamento das empresas, para que persigam a eficiência em seus projetos sociais com o mesmo afinco com que gerem seus negócios.
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