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Perfil - O homem que explicou o Brasil

2009 . Ano 6 . Edição 50 - 21/05/2009

Por Pedro Henrique Barreto, de Brasília

O intelectual Sérgio Buarque de Holanda deixou um legado importante que ajudou a desvendar a alma do povo brasileiro.

Em 1936, o Brasil ganhava uma de suas mais incisivas análises sobre a formação da identidade nacional. Reconhecido por seu valor não apenas científico, mas também literário, Raízes do Brasil buscou as origens da estrutura colonial brasileira e deixou um importante legado a respeito da construção social e cultural de nosso País. O ensaio é de um dos mais aclamados historiadores do século 20: Sérgio Buarque de Holanda. Paulista, nascido em 1902, o intelectual teve por toda sua vida intensa atividade acadêmica e jornalística. Colaborou com diversos órgãos da imprensa brasileira e estrangeira e acabou se tornando referência para estudos de sociologia e política.

O primeiro passo na vida universitária foi dado em 1921, quando se matriculou em Direito na atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na época, nascia a grande amizade com outro estudante: Prudente de Morais Neto, parente do terceiro presidente da República, Prudente de Morais. Neto viria a ser presidente da Associação Brasileira de Imprensa e, além do jornalismo, dedicou-se também à poesia e à política. Participou da fundação da Liga Nacionalista, em 1917, do Partido Democrático e da União Democrática Brasileira, em 1937. Companheiros de conversa e debates, ele e Holanda criariam ainda na década de 20 a revista Estética, que tinha o objetivo de apoiar o movimento modernista que começava a ganhar força no País.

No Rio de Janeiro, Sérgio Buarque de Holanda se desdobrava entre entrevistas, leads e deadlines. Foi colunista do Jornal do Brasil e escrevia para O Jornal, Rio-Jornal, A Idéia Ilustrada e a agência United Press International (UPI). Chegou também a dirigir o jornal O Progresso, no Espírito Santo. Em 1929, foi morar em Berlim, na Alemanha, como correspondente dos Diários Associados. A experiência proporcionou contato com as obras de renomados estudiosos, como Max Weber e Thomas Mann.

RUAS E BARES "Paralela à vida de estudante e jornalista, Sérgio levava uma movimentada vida de rua e de bares (...) com Manuel Bandeira, Oswaldo Costa, Dodô Barroso do Amaral, Di Cavalcanti, Jaime Ovale, Aporelly (Aparício Torelli, barão de Itararé), Graça Aranha e, mais raramente, e precursora entre o elemento feminino, Germaninha Bittencourt, festejada por todo o grupo. Assunto nunca faltava. Era política, arte, literatura, acontecimentos mundiais e acontecimentos particulares na vida dos próprios", conta Maria Amélia Buarque de Holanda, com quem o historiador casou-se em 1936. Tiveram sete filhos, entre os quais a cantora Miúcha e o compositor Chico Buarque de Holanda.

O compositor, por sinal, tem a seguinte memória do pai: "Ele nunca contava para os filhos o que estava escrevendo. Preferia falar sobre o que estava lendo. Poderia ser Tolstoi ou Luluzinha. Às vezes, recordava o que tinha lido tempos atrás. Quando autografava livros de sua autoria para os netos, sempre comentava: "Não leiam, esse livro é muito chato. Ele era assim.

De volta ao Brasil, nos anos 1930, Sérgio Buarque de Holanda continuou com o jornalismo. Publicou na revista Espelho, em 1935, um longo estudo: Corpo e Alma do Brasil, que foi a base para seu primeiro e mais conhecido livro, Raízes do Brasil, qual mais tarde seria editado em italiano, espanhol, alemão, francês e japonês. Depois viriam outros livros, como Cobra de vidro (1944), Monções (1945), Caminhos e fronteiras (1957), Visão do paraíso (1958).

"Era um sujeito ousado, que escrevia sem se comprometer com os desdobramentos, um verdadeiro aventureiro de espírito", avalia Leandro Konder, doutor em Filosofia pela UFRJ e hoje professor pela PUC do Rio de Janeiro, que já publicou artigos sobre Sérgio Buarque de Holanda. "Raízes traz uma visão diferente do que já se conhecia sobre o homem brasileiro e sua excelência está na mistura das veias de sociologia e antropologia como reflexão de nós mesmos", diz.

POLÍTICA Nos anos 1940, Sérgio Buarque de Holanda assumiu o cargo de diretor da Divisão de Consulta da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e tornou-se o presidente da seção do então Distrito Federal da Associação Brasileira de Escritores. Em 1947, filiou-se ao Partido Socialista e passou a lecionar História Econômica do Brasil na Escola de Sociologia e Política. Também foi um dos fundadores da Esquerda Democrática e, posteriormente, do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980.

Nos anos 1950, fixou residência na Itália, como professor convidado pela Universidade de Roma. Paralelamente, escrevia para o jornal Folha de S. Paulo. De volta ao Brasil, passou a lecionar na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Foi o primeiro diretor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), eleito em 1962.

Recebeu diversas homenagens, como o prêmio Edgard Cavalheiro, do Instituto Nacional do Livro, e os prêmios Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, e Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Desde 1983, a Unicamp abriga o Acervo Sérgio Buarque de Holanda, composto por livros, documentos, móveis e objetos. Sérgio Buarque de Holanda faleceu em São Paulo, em 1982.

 
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