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Perfil - Um monumento da capital

2009 . Ano 6 . Edição 54 - 30/10/2009

Por Pedro Barreto, de Brasília

Ernesto Silva

Médico integrou comissão que definiu a localização da Nova Capital e ajudou a implantar sistema de saúde de Brasília

A história da capital federal se enlaça com a vida de um de seus principais idealizadores: Ernesto Silva, 95 anos, viu Brasília nascer. Acompanhou os primeiros passos da cidade e, com um olhar atento e uma dedicação única, foi ensinando a ela o caminho mais fácil para sorrir. Hoje, demonstra carinho incomum pelas superquadras, ruas e moradores da cidade que resolveu adotar para si. Ernesto Silva é uma espécie de monumento vivo, daqueles que todos deveriam ter a chance de admirar de perto. Como ele se define, "um militar por obrigação, médico por vocação, urbanista por devoção".

Em 17 de setembro de 1914, numa modesta casa na Rua Pereira Nunes, bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, nasceu Ernesto Silva. Desde pequeno, o sonho era ser médico. A família não tinha dinheiro, e o primeiro diploma foi em Ciências e Letras, em 1933. Três anos depois, a entrada no Exército acabou possibilitando que ele estudasse Veterinária. Depois de cinco anos, Ernesto juntou dinheiro para iniciar a faculdade de Medicina, na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

A área escolhida foi pediatria. Ele viajou por diferentes países para estágios e especializações e é autor de vários trabalhos científicos. Quando a área de saúde da nova Capital começou ser estruturada, Ernesto foi um dos escolhidos para ficar à frente do projeto. "Conseguimos um grande resultado. No Hospital de Base, primeiro da cidade, todo o material era de nível internacional, certamente um dos três melhores hospitais do país. Lembro de rodar várias capitais explicando aos médicos como o trabalho estava sendo desenvolvido, para incentivá-los a vir para Brasília", conta.

Após ser membro titular do Conselho Diretor da Fundação Hospitalar do Distrito Federal (DF), entre 1960 e 1961, ele ocupou cargos no Hospital de Base e no Hospital Regional da Asa Sul, além de ter coordenado diversos programas na Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Foi presidente da Sociedade de Pediatria e da Associação Médica de Brasília. Mais recentemente, mesmo após a aposentadoria, em 1982, foi convidado para fazer parte da Comissão de Reestruturação do Sistema de Saúde de Brasília, entre 1985 e 1989.

Ernesto Silva participou de inúmeros congressos e seminários no Brasil e no exterior. Quando a memória tenta buscar o número de países já visitados, fica explicado porque a residência é repleta de porta-retratos. Ele enumera 52 países, mas ouvindo as histórias e lendo seu currículo, não impressionaria se fosse um pouco mais. E a maioria não foi por turismo, mesmo os mais distantes, como Senegal, Marrocos e China. "Ainda vou muito ao Rio de Janeiro, mas meu lugar mesmo é aqui em Brasília. Carinho especial? Ah, eu diria Paris, França. É fácil se sentir bem por lá".

A CAPITAL - Quando Getúlio Vargas morreu, em agosto de 1954, quem assumiu a Presidência da República foi Café Filho, amigo de Ernesto. Um mês depois, ele chamou o médico para ser o secretário da Comissão de Localização da Nova Capital. O presidente da comissão era o Marechal José Pessoa, também grande amigo de Ernesto. Em fevereiro de 1955, eles foram até a área onde hoje é Planaltina de Goiás. De lá, andaram de carro por mais de quatro horas pelo cerrado. Chegaram ao ponto mais alto do Sítio Castanho, onde hoje é o Memorial JK, área central de Brasília.

"Era a pedra fundamental da nova capital. Foram feitos laudos técnicos, de solo, clima, tudo, uma grande preparação. Quando o presidente Juscelino Kubitschek assumiu, o desenho da capital já era mais que um esboço e dois nomes merecem ser lembrados, o do Marechal José Pessoa e o do governador de Goiás, José Ludovico de Almeida. Foram de enorme importância para que tudo saísse conforme o planejado", conta Ernesto Silva. Parte dessa trajetória é contada em um de seus livros, História de Brasília, publicado em 1970. Outra obra está sendo preparada em comemoração aos 50 anos da capital, em abril de 2010.

O olhar se perde ao relembrar encontros e conversas com nomes que marcaram a vida de Brasília, como Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, Israel Pinheiro, Anísio Teixeira. Ernesto Silva respira fundo. Após um gole d'água, o saudosismo chega primeiro que as palavras. Mirando a janela, ele vai montando a biografia de um de seus filhos mais queridos. "Cada quadra com uma escola, a cada quatro quadras, uma escola parque, comércio próximo, área verde em volta dos blocos para fazer sorrir o dia-a-dia dos habitantes. Se para a Unesco é um patrimônio, para nós moradores não pode ser diferente".

Hoje em seu quarto casamento, Ernesto Silva também é presidente da Aliança Francesa e da Associação dos Candangos Pioneiros, além de membro de várias entidades ligadas à saúde, educação e cultura do DF. Nem pensa em parar de contribuir para que a capital federal tenha uma vida adulta segura e feliz. "Tu te tornas responsável por aquilo que cativas, não é? Meu lazer é trabalhar, ajudar para que Brasília cresça com respeito a todos os cidadãos. Sem atividade eu fico chato, até me pergunto se pararam de se importar comigo", diz ele, rindo da brincadeira.

 
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