2009 . Ano 7 . Edição 55 - 17/11/2009
Medindo o bem-estar das populações
Até 1990, o grau de desenvolvimento dos países era definido com base apenas em parâmetros econômicos, como o crescimento e o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Mas esses indicadores eram insuficientes, porque excluíam qualquer avaliação sobre a qualidade de vida da população. Em 1990, o economista paquistanês Mahbub Ul Haq criou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um padrão de medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. O modelo foi incorporado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que, a partir de 1993, passou a incluí-lo no seu relatório anual. O trabalho rendeu a Mahbub Ul Haq e a seu colaborador, o economista indiano Amartya Sen, o Prêmio Nobel de Economia de 1998.
O conceito de desenvolvimento humano é a base do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) e do Índice de Desenvolvimento Humano, divulgados anualmente pelo PNUD. Para a ONU, não se deve considerar apenas a dimensão econômica na avaliação do desenvolvimento de uma população, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Segundo o PNUD, o objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto per capita. Embora seja um avanço, o IDH não abrange todos os aspectos do desenvolvimento. É uma medida geral e sintética do desenvolvimento humano.
Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. Os três fatores têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um (quanto mais próximo de 1, maior o grau de desenvolvimento humano do país). O índice traz três classificações: de 0 a 0,499 - IDH baixo, registrado normalmente nos países subdesenvolvidos; de 0,5 a 0,799 - IDH médio, comum aos países em desenvolvimento; e de 0,8 a 1 - países de IDH elevado, característica dos países ricos.
Atualmente, o IDH é referência mundial: é um dos principais parâmetros para a avaliação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. No Brasil, tem sido utilizado para medir a qualidade de vida nos municípios (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). A partir dessa avaliação, o governo define políticas públicas específicas para melhorar o desenvolvimento humano nas localidades com pior IDH.
Entre 2006 e 2007, o IDH do Brasil melhorou: subiu de 0,808 para 0,813, número que coloca o País entre os de alto IDH. Mesmo assim, o Brasil continua no 75º lugar no ranking dos 182 países e territórios avaliados para o relatório de 2009. Segundo o PNUD, o Brasil avançou nos itens longevidade (de 0,783 para 0,787), educação (de 0,888 para 0,891) e renda (de 0,750 para 0,761). A esperança de vida ao nascer subiu de 72 para 72,2 anos no período. Ainda assim, este é o item em que o País se sai pior em comparação ao resto do mundo: é o 89º no ranking global. Na área de educação, o Brasil aumentou a taxa de alfabetização, de 89,6% para 90%, e manteve estabilizada a taxa bruta de matrícula em 87,2% (41º no ranking).
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