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Retratos - Brasília 50 anos

2010 . Ano 7 . Edição 58 - 26/02/2010

Brasília 50 anos

Capital projetada para 500 mil habitantes hoje tem 2,6 milhões de moradores e tem a segunda maior renda per capita do País. Projeto arquitetônico vira patrimônio cultural da humanidade e é tombado pelo patrimônio histórico nacional

Suelen Menezes - de Brasília

Às vésperas de completar meio século, Brasília continua a encantar seus moradores e visitantes. Os traços simples do projeto de Lucio Costa, como ele próprio definiu - "um gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz" - valorizam ainda mais a arquitetura de Oscar Niemeyer. As grandes avenidas, perspectivas e parques permitem ver os edifícios de vários ângulos e sem obstáculos.

A beleza, criatividade e inovação da Capital foram reconhecidas pelo mundo. Em 7 de dezembro de 1987, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) inscreveu Brasília na lista de bens do Patrimônio Cultural da Humanidade . Em 1990, a cidade foi tombada pelo governo federal. Da prancheta de Niemeyer nasceram projetos que se tornariam ícones da arquitetura mundial.

Brasília foi o primeiro núcleo urbano construído no século XX incluído na lista dos bens de valor universal pelo Comitê do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Unesco. Detentora da maior área tombada do mundo - 112,25 quilômetros quadrados, assumiu o mesmo grau de importância de cidades como as italianas Florença, Veneza e Roma; a peruana Cuzco; as brasileiras Olinda e Ouro Preto; e a capital francesa, Paris.

A escolha de Brasília como Patrimônio Mundial fundamentou-se na suas quatro escalas estruturadoras: a monumental, a gregária, a residencial e a bucólica. A escala monumental está configurada pelo Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Rodoferroviária. O Eixo congrega os edifícios que abrigam a alma político-administrativa do País e do governo local. As principais obras arquitetônicas estão concentradas nessa escala: os palácios do Congresso Nacional, do Itamaraty, do Planalto, da Justiça, o Panteão, os Ministérios, a Catedral, o Memorial JK, o Memorial dos Povos Indígenas e a Torre de TV.

A escala gregária está representada pelos setores de convergência da população: comercial, bancário, de diversões e cultura, hoteleiro, médico-hospitalar, de rádio e televisão. Tem como ponto central a Plataforma Rodoviária, traço da união de Brasília com as demais cidades do Distrito Federal e entorno.

A escala residencial traz um novo jeito de morar: as superquadras das Asas Sul e Norte. Elas são formadas por conjuntos de edifícios que apenas tocam o solo, suspensos sobre pilotis, o que permite que o chão seja livre e acessível em toda a sua extensão. Há o predomínio do verde, com gramados e vegetação. As alturas uniformes - de seis pavimentos nas quadras 100, 200 e 300, e de três nas quadras 400 - garantem a visibilidade de um vasto horizonte. A unidade de vizinhança faz parte dessa proposta. Formada pelo conjunto de quatro superquadras, a unidade deve dispor de clube, cinema, teatro, igreja, comércio e biblioteca.

Por último, a escala bucólica, que permeia as outras três. São os gramados, praças, jardins, áreas de lazer, orla do Lago Paranoá - os espaços destinados ao deleite, descanso e devaneio, que dão à Brasília o título de cidade parque.

"O patrimônio é o legado que recebemos do passado, vivemos no presente e transmitimos às futuras gerações. Nosso patrimônio cultural e natural é fonte insubstituível de vida e inspiração, nossa pedra de toque, nosso ponto de referência, nossa identidade", descreve o site da Unesco.

O diretor do Conjunto Urbanístico Tombado da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do DF, Maurício Goulart, explica que quando Brasília foi tombada, aos 22 anos, era uma cidade jovem, incompleta, ainda em formação, por isso o tombamento foi calcado nas quatro escalas para não engessar a cidade. "As quatro escalas representam quatro formas diferentes de ocupação. O projeto previa áreas com ocupações menos densas de uma borda a outra de Brasília, com lotes maiores e edifícios mais baixos, onde estão localizados o setor de clubes e a orla do Lago Paranoá. A maior densidade populacional ficaria concentrada nas escalas residencial e monumental. A forma de ocupação é que deve ser respeitada", completa.

Ele explicou que Brasília não tem uma legislação única de uso e ocupação dos terrenos, o que dificulta o trabalho da Secretaria. Como exemplo, ele citou a destinação do setor de clubes. "Não existe mais demanda para implantação de clubes. Nesses locais têm surgido comércios e restaurantes, porém não há uma legislação para regular essa nova demanda".

Outro problema é a concentração de empregos na área tombada. Apenas 10% da população moram em Brasília, mas 70% dos empregos estão concentrados na capital. "É preciso organizar melhor os espaços entre as cidades e descentralizar os empregos. Brasília é o centro de toda uma região e isso gera diversos problemas como o de transporte urbano", ressalta.


Brasília: a cidade erguida do nada em menos de quatro anos

A mudança da capital para o interior do País gerou muita polêmica e foi um desafio enfrentado com bravura por aqueles que acreditaram nesse sonho.

Em 1955, o mineiro Juscelino Kubitschek, então candidato à Presidência, percorria o País em campanha. O seu primeiro comício foi na cidade goiana de Jataí. Naquele dia, ao responder a pergunta de um eleitor, JK assumiu o compromisso perante a população de cumprir a Constituição de 1946, que previa a transferência da capital para o interior.

"A pergunta, absolutamente inesperada, chegou, por um momento, a perturbar-me. Já ia adiantada a elaboração de meu programa de metas, mas confesso que jamais havia pensado em mudar do Rio de Janeiro a Capital da República. Naquele breve instante, assumi perante o goiano que me dirigiu a palavra e perante todo o País a maior responsabilidade pública. Daí em diante, por toda parte me renovavam a pergunta e a resposta era invariável: construirei a nova capital". (JK em entrevista concedida ao jornalista José Leão Filho, publicada no jornal Correio Braziliense.

A construção da capital virou a meta-síntese do governo de JK. Três meses após assumir a Presidência da República, em 31 de janeiro de 1956, começava a corrida contra o tempo para inaugurar Brasília no dia 21 de abril de 1960.

"Comparando-se as distâncias, medindo-se os meridianos e paralelos, verificase que não poderia ter sido mais adequada a localização de Brasília. Construída num ponto estratégico, as estradas que a servem - um verdadeiro tecido conjuntivo de artérias e veias de intercomunicação interna - realizam, com perfeição, uma verdadeira costura do Brasil por dentro".

A proposta de mundança da Capital também causou resistências daqueles que preferiam continuar no Rio. Era natural que a capital preterida fosse palco das principais batalhas. A novidade da cidade erguida no meio do nada no interior do Goiás era um atrativo para aventureiros em busca de enriquecimento rápido, mas um pavor para os servidores públicos federais habituados à vizinhança da praia. Apenas 1,1% dos servidores foi transferido para Brasília a tempo da inauguração.

Pesquisa realizada pelo Ibope em março de 1960 com a população do Rio de Janeiro mostrou que, apesar das reclamações, 80% dos entrevistados acreditavam que JK tinha acelerado o desenvolvimento brasileiro; 73% aprovavam a mudança da capital; e 62% acreditavam que a nova capital traria benefícios ao País. Apenas 24% desaprovavam a iniciativa.


Brasília hoje

Dados de 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que Brasília é a quarta maior cidade do País, deixando para trás Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba. A população da cidade foi estimada em 2.606.885 de habitantes. A Capital também possui o segundo maior PIB per capita do Brasil entre as capitais, R$ 34.510, superada apenas por Vitória, R$ 47.855.

 
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