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Perfil - Caio Prado Júnior

 

2010 . Ano 7 . Edição 59 - 29/03/2010

 

Crítico e provocador

Caio Prado Júnior 


Neste ano completam-se 20 anos da morte de Caio Prado Jr., economista, filósofo e historiador paulista, autor de 17 livros sobre economia e política. Entre eles a Formação do Brasil - Contemporâneo - Casa Grande e Senzala - Raízes do Brasil, obra que, em conjunto com Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, compõe o grupo das obras clássicas para a compreensão da historiografia econômica e social do país.

Formação é fundamental para o pensamento social brasileiro porque busca compreender, por meio da explicação econômica e dialética, a incapacidade do país em superar os problemas originados na gênese de sua estrutura social. O livro analisa a passagem da colônia para o império, no século XVIII e o início do século XIX.

Escrito em 1942, Formação foi a segunda incursão de Caio Prado na explicação materialista da história. Nove anos antes dessa publicação, o autor havia lançado seu primeiro livro, A Evolução Política no Brasil (1933), no qual destronava leituras mecanicistas que apontavam a história como rigoroso sucedâneo de modos de produção, e que procuravam ver, no caso brasileiro as mesmas fases de desenvolvimento ocorridas na Europa, tal qual Karl Marx analisou.

Do materialismo histórico fora de lugar resultava uma interpretação equivocada, que considerava o Brasil colonial um país feudalista em transição para o capitalismo. Na avaliação de Caio Prado, esta visão estava errada porque não percebia que o Brasil, desde sua descoberta, estava sob a lógica econômica do capitalismo mercantil: exploração comercial tendo em vista o lucro do capital.

A crítica à visão esquemática materialista persiste ao longo da carreira de Caio Prado Jr. O ápice de sua oposição à esta perspectiva é o livro A Revolução Brasileira (1966), uma das primeiras análises sobre as razões da derrota da esquerda no golpe militar de abril de 1964.

Escrevendo, nos primeiros anos da ditadura militar, Caio Prado demonstra que a esquerda errou estrategicamente ao se associar aos projetos da burguesia nacional. Na avaliação do historiador, o engano ocorreu porque a esquerda da época acreditava na visão etapista da sociedade, e não compreendia a luta de classes que existia desde o passado colonial do Brasil.

José Carlos Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) resume, em artigo, este momento: ?portanto, mal equipados teórica e historicamente, não puderam [as esquerdas] acertar a ação revolucionária?. Segundo Reis, Caio Prado imaginava que a apenas iniciativa privada não bastava como eixo principal de construção de uma nação. A produção deveria ser controlada, orientada e até regida pelo Estado, senão tenderia ao lucro pela produção de produtos de luxo para a minoria.

A interpretação de Caio Prado Júnior sobre a sociedade brasileira nunca foi predominante na esquerda, nem mesmo quando ele militava no Partido Comunista do Brasil (então com a sigla PCB). O historiador chegou a ter mandato de deputado estadual, tendo sido eleito com 5.257 votos, e liderou a bancada comunista na Assembleia Constituinte do Estado de São Paulo, instalada em 1947.

Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, em 1928, e participou, seis anos depois da fundação da Associação dos Geógrafos do Brasil, dentro da recém criada Universidade de São Paulo (USP).

Vindo de família aristocrática cafeeira e com linhagem política, Caio Prado chegou ao PCB em 1931, três anos antes de Luís Carlos Prestes, e depois de já ter militado no Partido Democrático, que se opunha ao Partido Republicano Paulista, hegemônico na política do café com leite da Primeira República.

Apesar de ser antigo quadro comunista, e ter sido preso por diversas vezes em 40 anos de atividade política, com direito a exílio na França e no Chile por causa das suas convicções ideológicas, Caio Prado Jr. não ocupou cargos partidários importantes, e nunca teve acesso aos dirigentes da legenda. Ele se ressentia do isolamento, se queixava que não tinha contato com as pessoas que queria conhecer, contou à revista Desafios do Desenvolvimento, sua filha, Yolanda Prado.

Havia preconceito contra intelectuais dentro do PCB, pois o partido dava preferência aos militantes de origem operária. Esta orientação dos quadros do partido dificultou o diálogo com o historiador. Na memória da filha de Caio Prado Jr., a incompreensão da visão alternativa de seu pai sobre o Brasil e sobre o materialismo histórico afetou o sucesso e aceitação de alguns de seus livros.

Para Yolanda, Esboço de Fundamentos da Teoria Econômica (1957) e Introdução à Lógica Dialética (1959) não foram aceitos porque não estavam seguindo as linhas do partido [PCB]. Isso quebrou a possibilidade de obterem sucesso, disse.

Casado por três vezes (com Hermínia Cerquinho, Maria Helena Nioac, e Maria Cecília Homem, pai de três filhos (Caio Graco e Yolanda do primeiro casamento; e Roberto, do segundo), Caio Prado da Silva Júnior morreu aos 83 anos, em São Paulo, vítima de insuficiência respiratória.

Caio Prado fundou em 1940, junto com o escritor Monteiro Lobato, a Editora Brasiliense, em 1940, cujo catálogo inclui todas as obras do historiador.

 

Economista e historiador reuniu em 17 livros a história econômica e dialética da estrutura social brasileira

Gilberto Costa - de Brasília

 
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