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Questões do Desenvolvimento - O sertão vai virar mar

2010 . Ano 7 . Edição 61 - 13/07/2010

O sertão vai virar mar

Rio-mar, Rio dos Currais, Rio da Integração Nacional, Velho Chico, Opará. São muitos nomes dados ao rio São Francisco, símbolo de resistência à seca do sertão, que liga três regiões do país: Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Com 2.700km de extensão, o rio nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e deságua no mar na divisa entre Sergipe e Alagoas.

Retratado por autores e poetas brasileiros como Castro Alves, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade, o Velho Chico sempre esteve no imaginário da população nacional como símbolo cultural e econômico do sertão brasileiro. Guimarães Rosa escreveu que sua história tem sido a do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza. Seu descobrimento é atribuído ao genovês Américo Vespúcio, que navegou em sua foz em 1501. O nome é homenagem a São Francisco de Assis, festejado naquela data.

O rio São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são perenes, 90 estão na sua margem direita e 78 na esquerda. A produção de água de sua Bacia concentra-se nos cerrados do Brasil Central e em Minas Gerais e a grande variação do porte dos seus afluentes é consequência das diferenças climáticas entre as regiões drenadas. O Velho Chico banha os Estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Sua bacia hidrográfica também envolve parte do Estado de Goiás e o Distrito Federal.

A navegação fluvial no Brasil foi, por muito tempo, a única alternativa de transporte em algumas regiões do país, como é o caso do Vale do São Francisco. O rio serviu de via para transporte de alimento (milho, feijão, carne seca, rapadura, farinha) destinado ao suprimento das minas de ouro; por ele seguiam escravos e garimpeiros vindos de outras regiões. Desenvolver a navegação do rio e de seus afluentes sempre fez parte da agenda oficial, mesmo após o final da Segunda Guerra Mundial, quando a opção pelo transporte rodoviário já estava delineada.

De acordo com a Administração da Hidrovia do São Francisco do Ministério dos Transportes, no início dos anos 2000, foram transportados mais de 50 milhões de tku (unidade de medida equivalente ao transporte de uma tonelada de carga à distância de um quilômetro) de produtos como milho, farelo de soja, polpa de tomate, casca de cereal e soja. A FRANAVE (Companhia de Navegação do São Francisco) iniciou o século XXI com uma capacidade instalada de transporte para 150 milhões de toneladas de carga a granel e de convés por ano, com uma frota composta de oito empurradores e 62 chatas, além de um estaleiro para a construção de navios e manutenção de sua frota na cidade de Juazeiro. A navegação do São Francisco tem ligação com ferrovias e rodovias tanto no Nordeste quanto no Sudeste.

Além da navegação fluvial, os projetos de irrigação do Velho Chico trouxeram diferentes oportunidades para a população da região. O desenvolvimento da fruticultura irrigada no Submédio São Francisco, região que compreende Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e o entorno destes municípios é um exemplo disso. Esta atividade inseriu de vez a região no mercado nacional e internacional de frutas tropicais e adaptadas, tendo a uva como produto de maior destaque.

Embora o maior volume de água do rio seja ofertado pelos cerrados do Brasil Central e pelo estado de Minas Gerais - onde abastece a hidrelétrica Três Marias - é a represa de Sobradinho que garante a regularidade de vazão do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a outubro. Essa barragem, que é citada como o pulmão do rio, foi planejada para garantir o fluxo de água regular e contínuo à geração de energia elétrica da cascata de usinas operadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) - Paulo Afonso, Itaparica, Moxotó, Xingó e Sobradinho.

A irrigação no Vale do São Francisco, especialmente no semi-árido, é uma atividade social e econômica dinâmica, geradora de emprego e renda na região e de receitas para o país. Estimativas do governo federal indicam que a área irrigada poderá ser expandida para até 800 mil hectares nos próximos anos, a partir da participação crescente da iniciativa privada na região.

TRANSPOSIÇÃO O projeto de transposição das águas do Velho Chico, chamado pelo governo de Programa de Revitalização do São Francisco, ganhou status de prioridade no governo Lula - a ideia de transposição teve início na metade do Século XIX, durante o governo de Dom Pedro II. Atualmente, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, o objetivo do projeto é conectar a bacia do São Francisco a regiões com déficit hídrico. Para tanto, serão construídos 720 quilômetros de canais.

Com um custo estimado em R$ 5 bilhões e muita polêmica gerada por ambientalistas e geógrafos, a previsão do projeto é captar uma pequena parte da água do rio, apenas 26 metros por segundo de forma contínua. Da água captada, 70% serão destinados à irrigação e 30% para uso urbano e industrial. A transferência de famílias que devem ser reassentadas para que o projeto seja realizado teve início em maio de 2010.

 
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