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2005. Ano 2 . Edição 15 - 1/10/2005 Cartas A criação do novo fundo para a educação pública, Fundeb (Desafios, edição de setembro de 2005), pode ser o pior dos mundos, pois ele vai passar a atender também alunos e professores da pré-escola e do ensino médio – o que é bom –, mas no final das contas o investimento per capita vai diminuir. E, assim, a qualidade do ensino público pode cair. Mariana Cagliari Finalmente a sociedade se propõe a tratar de um tema mais do que conhecido entre os especialistas da pedagogia,que é o de incluir as crianças de 3 a 6 anos no ensino público, como mostra a matéria sobre o Fundeb. Essa é uma fase fundamental na formação dos indivíduos e não deve ficar esquecida nas políticas de educação.
Existem muitos exemplos de como o Brasil pode dar certo e um deles é o da Confederação Brasileira de Voleibol (Desafios, edição de setembro de 2005), em que planejamento, continuidade e persistência permitiram que as seleções brasileiras colhessem inúmeras vitórias. A competição foi estimulada e surgiu uma nova safra de talentos num país que não tinha tradição nesse esporte.Parabéns para a CBV. Henriqueta de Moraes É um absurdo a proposta de alguns luminares da economia brasileira de aumentar a idade para aposentadoria e deixar de usar o salário mínimo como fator de correção (Desafios, edição de setembro de 2005).Querem tirar dinheiro dos idosos para manter o tal do superávit fiscal.Mas onde fica a justiça social? Osório Horniz Importante a matéria de Desafios sobre a reforma do sistema político (edição de agosto de 2005), mas ela deixa a desejar ao não mostrar que o voto distrital pode ser uma solução para aprimorar nosso sistema e aproximar os eleitos dos eleitores. E aumentar o controle da população sobre a atuação dos políticos. Matias Mantovani Acordos entre países do chamado eixo Sul-Sul são um bom caminho para o crescimento econômico das nações em desenvolvimento? A pergunta foi colocada no endereço eletrônico de Desafios, a propósito da entrevista com o economista Joseph Stiglitz, publicada na edição de setembro de 2005 da revista. Leia abaixo a resposta de alguns internautas: Em termos.Acho que acordos com outras nações emergentes são uma tentativa válida para o Brasil expandir seu comércio e reafirmar sua presença como um ator relevante no cenário internacional, mas não podemos perder o horizonte do que pode, de fato, incrementar nosso comércio exterior: acordos com os países mais industrializados do hemisfério norte, que detêm os mercados, o poder de consumo para adquirir nossos principais produtos. A China cresce a quase 10% ao ano, vendendo seus produtos não ao Camboja, ao Vietnã ou à Coréia do Norte, mas aos EUA e à Europa. Breno Junqueira Sim.As rodadas de negociação comercial, empreendidas no âmbito da Organização Mundial de Comércio,já forneceram indícios mais do que suficientes de que os países mais ricos e industrializados empunham a bandeira da liberalização comercial apenas em proveito próprio.Acordos comerciais como Nafta ou Mercosul-União Européia são miragens no deserto.O Brasil, como um global player, tem de trilhar caminho próprio e abrir outros mercados para tentar contornar as fortalezas intransponíveis erigidas pelo mundo desenvolvido, construindo alianças políticas e comerciais com outras nações em desenvolvimento. Cláudio Henrique As relações Sul-Sul devem ser estimuladas, sobretudo no que tange ao intercâmbio de soluções para problemas específicos a esses países. O fato de terem desafios muito semelhantes pode fazer com que soluções criativas encontradas por um dos parceiros sejam úteis aos outros. No entanto, essa modalidade de relações internacionais não poderá substituir o tradicional paradigma Norte-Sul.O intercâmbio com outros países do Sul tem, portanto, caráter complementar. Lembremos que a intensidade dos fluxos financeiros e tecnológicos provenientes do Norte é muito maior. O Brasil, ou qualquer outro país,não deve deixar de se integrar, de forma favorável,a esses fluxos de riqueza. Da mesma forma que adotar integralmente a agenda dos países desenvolvidos não é recomendável, as relações Sul-Sul não são a panacéia para enfrentar nossos enormes desafios ao desenvolvimento. Rogério Ferreira |