2008 . Ano 5 . Edição 44 - 08/06/2008

A nova política industrial brasileira, que tem como prioridade o aumento das exportações e foi qualificada pelo diretor de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Wohlers de Almeida, como peça-chave para a política econômica do país nos próximos anos, é o tema da reportagem de capa desta edição. Mas, naturalmente, uma medida de tal amplitude não conquista a unanimidade, e a revista Desafios reflete isso ao registrar a opinião dos críticos, que, entre outros aspectos, apontam como erro da nova política dar incentivos a segmentos dominados por multinacionais, como o automobilístico.

Como leitura conexa, apresentamos também aos leitores uma ampla explanação sobre o Sistema Nacional de Inovação, uma articulação que busca alcançar as empresas de menor porte para um processo evolutivo que depende não apenas de estímulos oficiais. O Sistema, concebido no ano passado, tem a missão de reunir os vários agentes envolvidos e garantir um caráter nacional ao processo de inovação e a difusão de padrões de qualidade e de tecnologias para o conjunto do mercado.

A entrevista deste mês prossegue a série, iniciada no ano passado, com os renomados intelectuais que fazem parte do novo Conselho de Orientação do Ipea. Desta vez, o professor Wanderley Guilherme dos Santos, da Universidade Candido Mendes, do Rio de Janeiro, faz uma análise sui generis do desenvolvimento nacional sob o viés da ciência política. Sua crítica ao desbalanceamento do cenário institucional do Brasil na etapa atual por conta do desajuste da representação do pensamento conservador merece reflexão de todos os brasileiros que se preocupam com a construção de um país melhor.

Esta edição também registra os passos dados pelo governo federal no sentido do ingresso do Brasil no seleto grupo de países que investem no mercado mundial por meio de Fundos de Riqueza Soberana, os Sovereing Wealth Funds (SWFs), aqui conhecidos simplesmente como fundos soberanos. A iniciativa virou moda entre economias emergentes da Ásia e países produtores de petróleo, mas uma versão adaptada aos interesses nacionais pode ser de grande utilidade se adotada neste momento.

As relações internacionais voltam a ser abordadas em uma extensa reportagem sobre o acercamento do Brasil com a Índia. Embora muito distantes na geografia e na cultura, os dois países pretendem, juntos, se fortalecer para enfrentar os gigantes do mundo globalizado, e trocam experiências com o objetivo de unir o crescimento com o avanço da justiça social.

O entendimento alcançado entre o Ministério da Educação (MEC) e os setores empresariais do país para o aprimoramento do Sistema 'S' é descrito com profundidade em outra reportagem desta edição. E, na reportagem mensal dedicada ao tema Melhores Práticas, um exemplo vitorioso vem da pequena cidade de Taboão da Serra, incrustada na Grande São Paulo, cujos professores da rede municipal visitam as residências dos alunos para melhor compreender seus problemas familiares.

Boa leitura.

Jorge Abrahão de Castro, diretor-geral da revista Desafios do Desenvolvimento

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