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Perfil - Barão de Mauá

2011 . Ano 8 . Edição 67 - 20/09/2011

O homem que olhava para o futuro

Gilberto Maringoni – São Paulo

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O Barão de Mauá, ou Irineu Evangelista de Sousa (1813- 1889), mais do que qualquer outro empresário, encarnou a sociedade brasileira do Segundo Reinado (1840-1889). Foi proprietário de pelo menos 24 empresas, com interesses no Brasil, na Inglaterra, na França, na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e no Chile. Negociou com presidentes, ministros, deputados, senadores, traficantes de escravos, banqueiros, juízes, advogados e mercadores de toda ordem e envolveu-se na maioria das questões relevantes do país entre os anos 1850 e 1870.

Irineu nasceu em 28 de dezembro de 1813, em Jaguarão, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Com a morte do pai, foi levado por um tio, aos dez anos de idade, para o Rio de Janeiro. Logo arranjaria emprego em uma pequena loja, em troca de comida.

Em 1829, Irineu iria trabalhar com um comerciante inglês chamado Ricardo Carruthers. Com o crescimento dos negócios, sete anos depois, torna-se sócio do patrão, em seus negócios com tecidos e produtos manufaturados, importados da Inglaterra.

O Brasil de então tinha poucas atividades industriais. Havia vários entraves, entre eles a inexistência de um mercado interno robusto, que absorvesse a produção, além da a concorrência com produtos importados.

Entre as várias medidas tomadas pela Coroa no âmbito econômico, a partir dessa época, estava a Tarifa Alves Branco, de 1844. Ela estipulava uma elevação dos impostos sobre as importações de determinados produtos, em percentuais que variavam de 30% a 60%.

A partir daí, Irineu fez sua primeira grande investida industrial. Em 1846, ele adquiriu o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro Ponta de Areia, em Niterói.

Misto de siderúrgica de grande porte e estaleiro, a Ponta de Areia em breve tornou- -se a maior empresa de fundição do país, empregando cerca de mil trabalhadores livres. Produzia canos, barcos, navios, canhões, guindastes postes, caldeiras etc. Não havia nada igual no país.

A ousadia de Irineu manifestou-se não apenas no âmbito empresarial, mas na esfera política. Auxiliou o Império em complicadas articulações diplomáticas na região do Prata e, mais tarde, tornou-se senador.

Em 1854, Irineu ganhou a concorrência para fornecer iluminação pública a gás para a região. No mesmo ano, após nova concessão, exclusiva por 30 anos, lançou a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas, com barcos produzidos em seu estaleiro.

A economia do período imperial, centrada no dinamismo do setor primário exportador, subordinava todo o país à demanda dos países ricos. Os negócios só poderiam prosperar à sombra de quem tinha dinheiro para investir: o Estado e o capital externo.

O primeiro banco de porte do país foi o Banco do Commércio e da Indústria do Brasil, fundado em 1851 por Irineu Evangelista de Sousa, associado a inúmeros comerciantes e negociantes.

Ao mesmo tempo em que administrava sua casa bancária, o empresário abriu ainda mais seu leque de atividades. Em 30 de abril de 1854 foram inaugurados os primeiros 14,5 quilômetros de via férrea do Brasil, ligando Porto de Estrela (hoje porto Mauá), situado ao fundo da baía da Guanabara, e a localidade de Raiz da Serra, em direção à cidade de Petrópolis. D. Pedro II reconheceu a ousadia do empresário. Concedeu-lhe o título de Barão de Mauá.

O personagem não parou. Três meses depois, foi lançado o Banco Mauá, MacGregor & Cia., em associação com capitais ingleses. Logo teria agências em Londres, Paris, Manchester, Nova York, Montevidéu, Buenos Aires, Rosário e Córdoba.

Entre a segunda metade dos anos 1850 e o início da década seguinte, o Barão de Mauá tornou-se o homem mais rico do país. Exerceu enorme influência sobre o governo imperial e apareceu como fator decisivo no desenvolvimento nacional e continental.

Mauá não tomou parte nas decisões relativas à Guerra do Paraguai (1864-1870). Mas praticamente todos os navios brasileiros envolvidos no conflito saíram da Ponta de Areia. Isso, no entanto, não o torna imune às crises.

Por volta dessa época, os negócios de Mauá passam por turbulências. Seguidas crises no Brasil e a chegada de investidores ingleses à América Latina tiraram os intermediários do caminho. Mauá era um deles.

Como conseqüência direta, uma de suas principais empresas fechou as portas, em 1870. Era a Ponta de Areia, que não resistiu à queda de encomendas estatais e à concorrência com produtos importados. Mesmo assim, o empresário não parou. Em 1872, obteve a concessão para a instalação do cabo submarino entre Lisboa e o Rio de Janeiro.

Uma crise monetária atingiu o país em 1875. Em maio, o Banco Mauá & Cia. suspendeu todos os seus pagamentos e solicitou um financiamento de três mil contos ao Banco do Brasil, que negou o empréstimo.

No fim de sua vida, Mauá encontrou um ambiente em transformação. Perdera estatura econômica e influência política. Morreu em Petrópolis falido e quase esquecido, em 21 de outubro de 1889, 25 dias antes da queda do Império.

A vida econômica e empresarial de Mauá seguira de perto as oscilações do segundo reinado. Como a quase totalidade dos grandes empreendimentos econômicos brasileiros, sua ação só foi possível por sua estreita ligação com o Estado. Quando este lhe faltou, seus negócios entraram em crise.

 
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