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A Criação do Mercosul e a intensidade tecnológica das exportações da região?

2011 . Ano 8 . Edição 68 - 16/10/2011

Marcelo José Braga Nonnenberg e Allan Mesentier

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Com a implementação de uma União Aduaneira entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em 1991, era de se esperar um forte crescimento do comércio bilateral, acompanhado de maior diversificação dos produtos. Essa diversificação, no caso de países em desenvolvimento, normalmente vem acompanhada por um aumento relativo da participação de setores mais intensivos em tecnologia. E a elevação da intensidade tecnológica (IT) das exportações, por sua vez, deve refletir-se em um esforço doméstico de inovação.

Será que a criação do Mercosul resultou, de alguma forma, em aumento da intensidade tecnológica média das exportações dos seus países?

De forma a medir a intensidade tecnológica das exportações, foi construído um índice baseado em boa parte na classificação utilizada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em seu Trade and Development Report de 2002. De acordo com esta metodologia, quanto maior o valor do indicador, maior a intensidade tecnológica, variando seu valor de 1 a 32.

Examinando os indicadores de intensidade tecnológica nas exportações para o Mercosul para os 4 países, constata-se que, no caso do Brasil, os efeitos da criação da União Aduaneira somente vieram a ter algum impacto sobre este indicador na segunda metade da década de 1990. O índice de IT se eleva de cerca de 6 para 8 entre 1995 e 2000, caindo nos dois anos seguintes e recuperando-se a partir de 2003. O índice para a Argentina, diferentemente, cresce ao longo de todo o período. O mesmo acontece com o Uruguai, ainda que com uma intensidade menor. Já no caso do Paraguai, observa-se estabilidade ao longo dos anos. Pode-se afirmar, portanto, que a criação do Mercosul contribuiu decisivamente para um aumento da intensidade tecnológica das exportações intra-regionais de Brasil, Argentina e Uruguai, mantendo-se o Paraguai praticamente na mesma posição prevalecente antes de iniciar o processo de integração regional.

A análise da evolução do indicador de intensidade tecnológica das exportações desses países para o Resto do Mundo revela um quadro totalmente distinto. A intensidade tecnológica das exportações brasileiras aumenta entre 1983 e 2000, quando volta a diminuir. A da Argentina cresce discretamente nos primeiros anos e praticamente se estabiliza a partir de meados da década de 1980. Paraguai e Uruguai praticamente não experimentaram alterações significativas ao longo de todo o período.

Em suma, o que resulta dessa análise é que Brasil, Argentina e Uruguai parecem ter ampliado a intensidade tecnológica de suas exportações, porém apenas aquelas destinadas ao Mercosul, ao passo que as realizadas para os demais países pouco foram afetadas, enquanto que o Paraguai permaneceu um exportador de produtos primários.

A análise dos dados aqui utilizados permite concluir que a variação da intensidade tecnológica verificada nas exportações intra-regionais do Brasil, Argentina e Uruguai resultou basicamente de uma concentração num número reduzido de produtos, situados basicamente na cadeia automobilística. Certamente, a criação de regimes automotivos no Brasil e na Argentina, posteriormente consolidados no Mercosul, propiciaram as condições para o forte crescimento da indústria automobilística, resultando em grande elevação das trocas inter-regionais já a partir de 1991.

A participação das exportações da cadeia automotiva no total das exportações cresceu substancialmente nos 3 países desde o início da década de 1990. Essa elevação resultou de um conjunto de medidas de liberalização das trocas comerciais entre os países do Mercosul a partir de 1991 - ainda que as barreiras tenham ficado acima das observadas para a maioria dos produtos da União Aduaneira - o que incentivou investimentos de diversas montadoras, principalmente no Brasil e na Argentina.

Entretanto, deve se considerar que, apesar de haver contribuído para elevar a intensidade tecnológica das exportações, o comércio intrarregional de produtos ligados à cadeia automobilística resultou, basicamente, de políticas e/ou investimentos localizados, num processo de especialização produtiva aproveitando as vantagens comparativas já desenvolvidas há décadas na Argentina e no Brasil, sem a geração de spill-overs positivos para outros setores.

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Marcelo José Braga Nonnenberg é técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

Allan Mesentier é Bolsista de graduação no Ipea.

 
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