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Ipea - O aniversário de uma instituição plural

2011 . Ano 8 . Edição 69 - 21/11/2011

Sidney Murrieta
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Diante de uma plateia de 300 pessoas, Suassuna contou de sua preocupação com a invasão cultural estrangeira:“Quando eu era jovem, os brasileiros tinham complexo de inferioridade. Hoje estou notando uma mudança”

Fernanda Carneiro - de Brasília

No aniversário do Ipea, Ariano Suassuna elogiou iniciativas de disseminação do conhecimento e a presidenta Dilma Rousseff enviou nota ressaltando compromisso do Instituto com o país e seu povo. Ato contou ainda com a presença de Danilo Bezerra Vieira, 16 anos, que montou biblioteca comunitária, no município de Almino Afonso (RN).

“Como presidenta da República e como brasileira, me orgulho do trabalho feito por esse Instituto. Em quase meio século de atividade, o Ipea atingiu padrões inquestionáveis de credibilidade, transparência e seriedade.” A leitura da nota enviada pela presidenta Dilma Rousseff abriu a comemoração dos 47 anos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na tarde de 13 de setembro. Mais adiante, ela afirma: “O Ipea pensa o Brasil, tem compromisso com o país e o povo brasileiro, e suas pesquisas e análises são referência para o debate das grandes questões nacionais”. A celebração teve como convidado especial Ariano Suassuna (veja entrevista).

O escritor paraibano mostrou sua admiração pelo Brasil e seu povo, em sua exposição denominada Cultura e Desenvolvimento.

“Eu meti na cabeça que o povo brasileiro tinha me encarregado de uma missão: que era defender a cultura brasileira em todo canto. O povo brasileiro, coitado, nem sabe disso. Quis mostrar, então, que temos uma arte, uma dança, uma música de qualidade”, assegurou.

A plateia era composta por cerca de 300 pessoas entre servidores e colaboradores da casa, além de representantes de vários órgãos do governo e da sociedade. A palestra, que foi transmitida ao vivo pelo Portal Ipea (www.ipea.gov.br) e está disponível no sítio, teve patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Antes, o público assistiu a uma apresentação do Coral do Ipea, que abriu a cerimônia.

Foto: Sidney Murrieta
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“Eu gosto de contar história e na minha vida não acontece nada. O que é que eu vou fazer, se eu não inventar?
Eu minto. Todo escritor mente. O Auto da Compadecida é uma mentira enorme. Na literatura, a gente faz esse acordo”

INVASÃO E MASSIFICAÇÃO O membro da Academia Brasileira de Letras disse estar preocupado com a massificação da cultura estrangeira e criticou a invasão cultural baseada no gosto médio. “Minha preocupação é antiga. Hoje está até mais fácil, estou notando uma mudança. Mas quando eu era jovem, e olha que faz muito tempo, havia um desprezo generalizado pelo Brasil e pelo povo brasileiro. Os próprios brasileiros tinham complexo de inferioridade.” Ao final, o romancista brincou: “Olhe, se algum de vocês é descendente de suíço, não me leve a mal. Pode até ser um país bem organizado, mas aquilo é um país chato”.

Aos 84 anos, Suassuna disse que a morte não está nas suas previsões. “Mas eu não sei se a morte aceita minha teoria. Eu digo sempre que toda morte é uma coisa de suicídio. A pessoa começa a se conformar e ela vem e dá o bote. Mas, se a gente não se conformar, a morte cansa. A morte no sertão da Paraíba é personalizada, ela se chama Caetana”, contou.

Foto: Sidney Murrieta
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Na plateia havia servidores e colaboradores da casa, além de representantes de vários órgãos do governo e da sociedade

O dramaturgo, que escreveu clássicos como O Auto da Compadecida, Uma mulher vestida de Sol e Romance d’A Pedra do Reino, confessa que mente para criar suas obras. “Eu gosto de contar história e na minha vida não acontece nada. O que é que eu vou fazer, se eu não inventar? Eu minto. Todo escritor mente. O Auto da Compadecida é uma mentira enorme. Na literatura, a gente faz esse acordo”.

Foto: Sifney Murrieta
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“Eu sou um formador
de opiniões e para eu
formar tenho que ter bases
confiáveis. Quando eu
busquei o Ipea, que é uma
instituição de credibilidade,
eu procurava inserir na
minha comunidade
informações que geralmente
ficam retidas a acadêmicos.
O conhecimento deve
estar ao alcance de todos,
inclusive na realidade rural”

Danilo Bezerra Vieira,
estudante

Suassuna é o criador do Movimento Armorial, voltado ao desenvolvimento e ao conhecimento das formas de expressão populares tradicionais brasileiras. A iniciativa, que teve início na década de 70, busca ir contra o ritmo industrial imposto pela cultura de consumo. “O Movimento pretende realizar uma arte brasileira erudita, a partir das raízes populares da nossa cultura”, explica o fundador, que prometeu defender a cultura brasileira até o fim.

PLANO AVANÇADO O presidente do Instituto, Marcio Pochmann, participou da abertura do evento e destacou o Ipea como a maior instituição pública de produção de conhecimento sobre o desenvolvimento brasileiro. “É a única voltada para o Estado brasileiro, porque o Ipea não é apenas uma instituição que assessora, que produz conhecimento para o poder Executivo, tal como foi criada em 1964; mas também está conectada ao poder Legislativo e Judiciário”, afirmou.

Pochmann recordou que, nestas quase cinco décadas, o Instituto tem se identificado com as trajetórias do Brasil. “Nós todos temos feito um esforço muito grande nesse período recente para tornar o Ipea uma instituição de pesquisa, de acompanhamento de políticas públicas, do planejamento brasileiro à altura do novo reposicionamento do nosso país”. O presidente indicou que o Brasil vive um momento singular de enfrentamento de mazelas, de heranças seculares como a fome e a desigualdade. Ao mesmo tempo, é um país que dá passos mais largos, tendo condições de liderar outro projeto de desenvolvimento para o mundo.

“O planejamento estratégico do Instituto, o concurso do Ipea, que permitiu a criação de duas novas diretorias (Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais e Diretoria de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia, e o fortalecimento institucional nos colocaram em um plano mais avançado, em um esforço imprescindível de repensar o Brasil em uma perspectiva não unidisciplinar”, constatou. Pochmann apontou que a unidisciplinaridade talvez seja uma das grandes vulnerabilidades da produção do conhecimento. “O especialista é cada vez mais alguém que sabe muitas coisas de quase nada. A matricialidade é um desafio de todos nós”, defendeu.

Foto: Sidney Murrieta
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Marcio Pochmann: “Temos feito um esforço muito grande para tornar o Ipea uma instituição de pesquisa, de acompanhamento de políticas públicas e de planejamento à altura do nosso país”

INTEGRAÇÃO DE ACERVOS O economista adiantou que o Ipea quer se transformar em um grande gestor dos bancos de dados da República brasileira. Por acessar acervos complexos de informações, o Instituto tem a oportunidade de integrá-los a partir de um software comum. Além da reconstrução dos bancos de dados, a instituição quer reforçar sua presença nas diferentes regiões brasileiras. “Estar presente em diferentes estados é um sonho do Ipea. A regionalização é absolutamente necessária, porque sabemos da nossa incapacidade de trabalhar o planejamento a partir somente de Brasília. Queremos fortalecer também a nossa participação no âmbito do Mercosul e dos países asiáticos, buscando uma cooperação do desenvolvimento para além do Brasil”, garantiu.

Pochmann observou que há pouco tempo a instituição realizava sessenta eventos por ano e hoje são mais de mil, em um esforço que expressa toda a produção do Instituto. “Nesse sentido, estamos felizes na perspectiva de ouvir a sociedade, visitar outras instituições, conhecer o brasileiro tal como ele se apresenta e ter uma orientação técnico-científica plural, diversificada e cada vez maior à altura do Brasil”, comemorou.

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O presidente do Ipea finalizou sua fala ao lembrar que, apesar dos grandes desafios, os últimos 47 anos demonstram que toda vez que houve esforço conjunto, o Instituto deu passos adicionais. “A única coisa que pode nos impedir é a nossa incapacidade de construir pela convergência. Mas o diálogo e a pluralidade são uma marca dessa casa e continuarão sendo nos próximos anos, independente da direção, fundamentados pelo corpo aqui constituído”, acredita.

Foto: Sidney Murrieta

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“O planejamento estratégico do
Instituto; o concurso do Ipea,

que permitiu a criação de duas
novas diretorias (Diretoria de

Estudos e Relações Econômicas
e Políticas Internacionais e

Diretoria de Estudos e Políticas
do Estado, das Instituições

e da Democracia); e o fortalecimento
institucional 
nos colocou em um
plano mais avançado, em um esforço

imprescindível de repensar o Brasil
em uma perspectiva não

unidisciplinar”

 Marcio Pochmann,
presidente do Ipea

ALCANCE DO CONHECIMENTO No início da cerimônia, a plateia assistiu ao documentário Rotas do Ipea que conta a história de Danilo Bezerra Vieira, um jovem de 16 anos que montou uma biblioteca comunitária na sala de sua casa, no município de Almino Afonso, no interior do Rio Grande do Norte. O estudante escreveu ao Ipea pedindo livros e recebeu as publicações em sua casa.

Após o filme, para a surpresa do público, Danilo foi chamado ao palco e defendeu: “Eu sou um formador de opiniões e para eu formar tenho que ter bases confiáveis. Quando eu busquei o Ipea, que é uma instituição de credibilidade, eu procurava inserir na minha comunidade informações que geralmente ficam retidas a acadêmicos. O conhecimento deve estar ao alcance de todos, inclusive na realidade rural”.

O estudante disse que reafirma o compromisso com o país ao manter a biblioteca comunitária e acrescentou que um Brasil desenvolvido começa pela educação. “Hoje é muito fácil dizer que a educação está ruim, mas muito mais difícil é achar pessoas que tenham vontade de mudar. Eu dei o pontapé com a biblioteca. Espero também que muitas pessoas ajudem e continuem essa que é a minha missão, que é a missão do Ipea, que é a missão de todos nós”.

 
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