2012 . Ano 9 . Edição 74 - 31/10/2012
A matéria principal desta edição de Desafios do Desenvolvimento fala de um dos fatores essenciais para a recuperação econômica do país: o investimento privado. O governo buscou, nos últimos meses, concretizar vários incentivos para as empresas, visando auxiliá-las no enfrentamento das vicissitudes causadas pela retração externa. Realinhamento do câmbio, desonerações, isenções tributárias, concessões e novas linhas de crédito mostram que a redução da intervenção do Estado na economia não faz sentido em países como o Brasil. O repórter Marcel Gomes também checou dados e informações sobre prestadoras de serviços públicos, cujos serviços têm piorado por falta de investimentos.
O jornalista Daniel Cassol, por sua vez, investigou outro tipo de investimento. O ano tem sido marcado por intensas manifestações nas universidades públicas. Ao mesmo tempo, a matéria demonstra que raras vezes se investiu de forma tão ampla na expansão das instituições federais de ensino superior como nos últimos anos. A universidade pública, como se sabe, é responsável pela maior parte das pesquisas acadêmicas e pela formação da maioria dos mestres e doutores formados no País. Colhendo opiniões de acadêmicos e especialistas, Cassol realiza um competente painel do setor.
A entrevista da edição toca em tema sabidamente polêmico: a instalação da Comissão Nacional da Verdade. Um de seus mais proeminentes membros, o diplomata e acadêmico Paulo Sérgio Pinheiro, é cristalino em sua perspectiva de trabalho: “A democracia não pode continuar a conviver com a tortura”. Para ele, examinar o passado é fator essencial para a construção de um futuro diferente.
Sem fugir de temas controversos, a edição também foca o ingresso da Venezuela no Mercosul. Vinícius Mansur consultou dados econômicos e ouviu analistas para avaliar os prós e contras da primeira expansão real do bloco regional. Ela ocorre no bojo das turbulências da ordem democrática continental, materializadas pelo golpe de Estado realizado no Paraguai, em junho último.
A revista apresenta, além disso, na seção Historia, um retrospecto sobre as dificuldades existentes na segunda metade do século XIX para o início de um ciclo industrializante no Brasil. Exigüidade do mercado interno, tarifas aduaneiras extremamente baixas e especialização em determinados itens da pauta primário-exportadora foram algumas das razões do retardamento do desenvolvimento local, em relação aos países centrais.
Os artigos de pesquisadores e as seções permanentes compõem um número substancioso.
Vale a pena conferir.
João Cláudio Garcia, diretor geral da revista Desafios do Desenvolvimento
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