2013 . Ano 10 . Edição 76 - 25/02/2013

Ciência e tecnologia
Um ano de pesquisas na Antártida

Primeira plataforma de pesquisas do Brasil no centro da Antártida, o módulo científico Criosfera 1 completou seu primeiro ano de atividades. Uma expedição concluída no início de janeiro marcou o momento com a instalação de novos equipamentos e a manutenção técnica da estrutura, totalmente automatizada, sem acompanhamento humano constante e movida a energia eólica e solar.

O módulo envia dados por satélite ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), que analisa efeitos de gases poluentes gerados na América do Sul e em outras partes do mundo sobre aquele continente. Recentemente, a estação do Criosfera 1 passou a integrar a Rede Meteorológica Mundial e a rede do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/Mapa).

Instalado 2,5 mil quilômetros ao sul da área da Estação Antártida Comandante Ferraz (EACF), o Criosfera 1 fi ca numa localidade com temperatura média de -32ºC, mas, no auge do último inverno polar, os termômetros registraram -65ºC.

O módulo é uma ação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) e apoio da Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e do Instituto Antártico Chileno. O Inpe desenvolveu, integrou e testou toda a infraestrutura do Criosfera 1.

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Clima
El Niño e aquecimento global

A frequência e a volatilidade do El Niño, fenômeno climático que afeta as águas tropicais do oceano Pacífico, podem não ter vínculos com as mudanças climáticas, revelou estudo publicado na revista Science.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores mediram o crescimento mensal de antigos fósseis de coral em duas ilhas tropicais do Pacífico para determinar um possível impacto do aquecimento global. Reconst uindo temperaturas e o regime de precipitações ao longo dos milênios, o estudo comparou a frequência de intensidade do El Niño e descobriu que o fenômeno, de fato, se tornou mais intenso e frequente no século 20.

No entanto, o estudo considerou que, embora o aumento tenha sido estatisticamente significativo e pudesse estar vinculado às mudanças climáticas, o longo registro histórico fornecido pelos fósseis de corais permitiu aos cientistas determinar que o fenômeno El Niño Oscilação-Sul (Enos) também teve grandes variações naturais nos últimos séculos.

Segundo os autores da pesquisa, não se pode afirmar que as mudanças observadas nas últimas décadas estão ligadas às mudanças climáticas causadas por níveis crescentes de dióxido de carbono.

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Saúde
Redução da carga do vírus da aids

Um grupo de pesquisadores espanhóis anunciou ter desenvolvido uma vacina que reduz em 90% a carga do vírus HIV, causador da aids, o que permitiria controlar a doença sem depender dos fármacos antirretrovirais, como é feito atualmente.

O chefe de Doenças Infecciosas do Hospital Clínic de Barcelona, Josep Maria Gatell, onde foi realizado o estudo, afi rmou que esse novo passo na pesquisa sobre a enfermidade revela que é possível conseguir uma vacina terapêutica para controlar a replicação do vírus de maneira permanente.

Essa vacina foi a que conseguiu obter uma melhor resposta virológica até o momento, mas só alcança o controle do vírus durante um máximo de 12 meses. Por essa razão, nos próximos quatro anos, o grupo de pesquisadores trabalhará para combiná-la com outras estratégias.

Os anti-retrovirais têm possíveis efeitos tóxicos a longo prazo e representam um custo muito elevado, o que faz com que a manutenção do tratamento se torne ameaçada, sobretudo em países em vias de desenvolvimento. Atualmente, a aids afeta cerca de 30 milhões de pessoas no mundo todo.

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Saúde
Pesquisadores brasileiros desvendam elo entre Alzheimer e depressão

Cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram o mecanismo responsável pela associação entre a doença de Alzheimer e a depressão. Embora fosse conhecido o fato de que as manifestações psiquiátricas mais comuns do paciente com Alzheimer são transtornos depressivos, não se conhecia até então o exato mecanismo molecular por trás dessa relação.

O estudo concluiu que neurotoxinas chamadas oligômeros de abeta, presentes em maior quantidade no cérebro dos pacientes com Alzheimer, são capazes de levar a sintomas de depressão em camundongos. O tratamento desses roedores com antidepressivos reverteu o quadro e melhorou a memória.

A descoberta, que abre a possibilidade de investigar mais a fundo a eficácia da indicação de antidepressivos em fases iniciais do Alzheimer, foi publicada na revista Molecular Psychiatry, do mesmo grupo que publica a Nature.

Pesquisas anteriores demonstraram que os oligômeros são os principais responsáveis pela perda de memória nas fases iniciais da doença. Para testar a hipótese de que eles também provocam depressão, os cientistas aplicaram a toxina nos cérebros de camundongos. Depois de 24 horas, os animais foram submetidos a testes que identificaram comportamentos depressivos.

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Meteorologia
Bahia monitora desastres naturais

Com a finalidade de gerenciar informações hidrológicas, meteorológicas e geotécnicas de diversas fontes, bem como emitir alertas sobre a possibilidade de ocorrências de desastres, a Bahia vai ganhar seu primeiro sistema de monitoramento e alertas de desastres naturais. O projeto é coordenado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti) e funcionará no Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, que será construído no Centro Integrado de Gestão de Emergências, com recursos federais e estaduais.

O centro terá suas ações integradas ao atendimento dos bombeiros, Samu 192, polícia e defesa civil, órgãos ligados à segurança da população.

Para reforçar as ações de combate aos desastres naturais, a Bahia receberá do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) um radar destinado ao monitoramento meteorológico, que será um instrumento para prevenção dessas ocorrências extremas.

O dispositivo será instalado em Salvador ainda no primeiro semestre de 2013. O equipamento é uma das nove unidades adquiridas em dezembro pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), que cobrirão amplos espaços do território nacional fora da atual rede.

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Projeto
BNDES apoia recuperação de solos e água

Recursos não reembolsáveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 9,6 milhões, e do Fundo Tecnológico (Funtec) do banco, serão destinados ao desenvolvimento de tecnologia para recuperação de solos e tratamento de águas contaminadas por metais pesados em consequência do uso de urânio.

A beneficiária será a Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências (Fundação Patria), no município de Iperó, em São Paulo.

Segundo o BNDES, o projeto está avaliado em R$ 10,8 milhões e contempla também a construção de uma unidade-piloto de tratamento de minérios da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), situada em Poços de Caldas, Minas Gerais.

A extração de minério na unidade de Poços de Caldas já foi encerrada, mas, segundo o BNDES, deixou um passivo ambiental de 45 milhões de toneladas de rejeitos, incluindo metais pesados, como urânio e manganês, e água contaminada acumulada nas cavas da mina.

A previsão da conclusão do projeto de recuperação é de dois anos.