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Os BRICS e suas afinidades na ordem internacional

2013 . Ano 10 . Edição 78 - 16/01/2014

Walter Antonio Desiderá Neto

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Desde a virada do século XXI, análises baseadas em diferentes correntes teóricas das relações internacionais têm apontado para a ocorrência de uma transição gradual de poder em direção à multipolaridade no sistema internacional. No núcleo dessa transformação estaria presente a transferência de poder econômico das potências tradicionais – Estados Unidos, Europa e Japão – para quatro principais potências emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China, os BRICs –, às quais veio se juntar posteriormente, mormente para de forma simbólica representar o continente africano, a África do Sul.

Depois da quebra do banco Lehman Brothers em 2008 e da crise financeira internacional que a este evento se seguiu, ficou claro que a supremacia econômica do bloco ocidental estava sofrendo perdas irreparáveis relativas à ascensão das economias emergentes. Em outras palavras, a subsequente recuperação destes dois grupos em velocidades de crescimento bastante distintas em 2009 e 2010 acelerou o processo de redistribuição de poder econômico em favor dos emergentes.

Essa conjuntura, de taxas de crescimento baixas ou nulas no mundo desenvolvido e altas e sustentadas entre os emergentes, particularmente na China, levou à antecipação da ultrapassagem do PIB chinês com relação ao japonês. De toda forma, os indicadores econômicos mundiais ao longo de 2012 e 2013 vieram demonstrando uma desaceleração do crescimento da China.

Dessa maneira, a dependência dos mercados europeu e americano para o crescimento das exportações chinesas vem se mostrando como limitador da sustentabilidade da coexistência das duas velocidades de recuperação. Em última análise, reduz o ritmo a partir do qual a China alcança os Estados Unidos, ainda que este fenômeno não pareça ter potencial por si só para reverter a tendência da redistribuição do poder econômico, uma vez que a estagnação permanece na Europa.

No que se refere à política externa adotada pelo Brasil no período em que se observou a ascensão dessas economias emergentes, a partir do governo Lula (2003-2010) passou- se a privilegiar, entre outras medidas, a formação de coalizões internacionais com outros países em desenvolvimento. Entre elas, listam-se o G-20 agrícola no âmbito da Reunião Ministerial de Cancun da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2003; o Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBAS), iniciado também em 2003; as Cúpulas América do Sul – Países Árabes, a partir de 2005; as Cúpulas América do Sul – África, a partir de 2006; e as próprias Cúpulas BRICS, a partir de 2009, contando com a África do Sul desde 2011.

A formação dessas coalizões internacionais de caráter Sul-Sul teve como finalidade a promoção do diálogo político entre todas as partes, de forma a fechar posições conjuntas a serem tomadas com relação a diversos temas da política internacional.

No que tange especificamente aos BRICS, é forçoso reconhecer que, apesar de esse grupo de cinco economias emergentes representar os principais destinatários do poder econômico que tem sido redistribuído em função da crise das potências ocidentais, a heterogeneidade na maneira de se inserirem internacionalmente limita a capacidade de ação conjunta na política global.

Certamente, em alguns temas estas nações conseguem empregar uma visão comum. São exemplos o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, para o caso das mudanças climáticas; a demanda na necessidade de contar com projetos e recursos regulares e previsíveis de cooperação por parte dos países desenvolvidos, no que diz respeito aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; e a própria responsabilização dos países desenvolvidos pelo estopim da crise financeira de 2008, com enfoque na necessidade de reforma, de fortalecimento da legitimidade, de capitalização e de aumento de recursos das instituições financeiras internacionais.

Por outro lado, para que eles tenham ação mais concertada na política internacional, arestas precisam ser aparadas nos discursos de suas diplomacias no que se refere a outras áreas temáticas, destacando-se: terrorismo; direitos humanos; questão nuclear; e o pleito brasileiro, indiano e sul-africano por uma vaga no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

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Walter Antonio Desiderá Neto é técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte) Ipea.

 
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