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Quimioterapia com afeto e educação

2014 . Ano 10 . Edição 80 - 23/06/2014

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Entidade inova no tratamento de crianças com câncer, torna-se referência no continente e um dos destaques da 5ª edição do Prêmio Objetivos do Milênio 2014

Rubens Santos

Nos últimos 15 anos, a Associação de Amigos da Criança com Câncer de Mato Grosso (AACCMT), em Cuiabá, adotou um método terapêutico que adiciona atividades de educação e cultura aos tratamentos tradicionais à base de quimioterapia. A entidade virou referência e recebe doentes de países vizinhos, como Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela. Agora, com cerca de 300 pacientes, tornou-se um dos destaques da 5ª edição do Prêmio Objetivos do Milênio, o ODM Brasil 2014, anunciado no fim de maio pelo governo. “Há o tratamento oncológico, como se faz com todo cuidado e em todos os hospitais”, explica Tellen Costa, presidente da associação. “Porém, o nosso diferencial está no esforço de se buscar a cura e, simultaneamente, investir nas atividades de educação”.

rd80not10img02São essas atividades adicionais, consideradas uma ferramenta no auxílio ao tratamento, que mais chamam atenção no ambiente de hospital, costumeiramente conhecido pela dor e pelas incertezas. Entre os projetos executados pela Casa de Apoio da AACCMT, cuja superintendente é a advogada Peronina César, está o Mais Música, Mais Leitura, Mais Esperança. É com essa extensão, sobre a música e a literatura, que as chamadas práticas interdisciplinares resultam em socialização e aprendizado e, também, em variados casos de sucesso que influenciaram no tratamento clínico e ambulatorial. “Investimos em atividades de educação”, informa Peronina, gestora executiva da Casa de Apoio. “E investimos por entender que nossa atuação seria adequada somente se todos os elos de vida, próximos do paciente, estivessem fortalecidos”, esclarece.

"“Fiquei com medo de morrer, medo de perder os cabelos, medo de perder meu namorado. Não sabia se viveria ou não”
Késia Fernandes, paciente"

TEATRO E ZOO

Para que as crianças não percam o ano letivo, há salas de aula na Casa de Apoio. E recreação, com visitas aos shoppings ou ao zoológico. Há, ainda, teatro e oficinas terapêuticas, como a Meu Filho, Minha Vida, para as mães. São diversas as atividades pedagógicas e culturais. Em 2003, o método de trabalho tornou-se modelo de atuação.

Foi assim que, no fim do ano passado, o projeto virou uma impressionante atração para novos voluntários. A direção da instituição entende que o trabalho de transparência das estatísticas e a prestação de contas são um diferencial que pais e mães de pacientes e a comunidade interna e externa levam em consideração. O estatuto da associação ajuda a garantir novas doações, assim como a manutenção e o apoio a pacientes carentes.

“A busca pela cura deve envolver toda a família e a comunidade”, observa a presidente da entidade, Tellen Costa. Há incentivos diários para que pais e parentes se aproximem dos médicos, professores e instrutores, e busquem descobrir as necessidades dos pacientes. “Suprir as necessidades e carências na medida do possível é o mesmo que tornar visível a dedicação ao paciente portador de doenças como o câncer”, ensina.

Outro desafio, a abertura de um Espaço Cultural, tornou-se uma das principais bandeiras da associação. Mais do que isso: seu maior projeto. Iniciado em 2000 e dotado de salas de aula, cadeiras e lousa, o espaço recebe professores voluntários das diversas áreas do conhecimento. “Queremos construir um relacionamento que atenda às necessidades dos nossos pacientes”, justifica Tellen Costa.

CASO EXEMPLAR Aos 16 anos, Késia Fernandes sentiu o chão frio do consultório sumir sob seus pés. O diagnóstico: câncer. Não conteve as lágrimas diante do médico e dos pais. “Fiquei com medo de morrer, de perder os cabelos, de perder meu namorado”, relatou para uma diretora da associação. A doença deixou um rastro de sequelas severas na vida emocional da jovem: “Não sabia se viveria ou não”, disse.

Késia relata que o diagnóstico gerou, imediatamente, uma situação de impasse, em que o temor pelo futuro influenciava no humor, na vontade de viver, e mesmo em questionamentos sobre os resultados do tratamento médico. A experiência dela, captada pelos dirigentes da entidade, tornou-se modelo no relacionamento de futuros pacientes.

Ao longo de quatro anos de tratamento, ela descobriu novos amigos e aprendeu a dividir as reações com outros pacientes. Alguns de seus sonhos permaneceram, outros foram reconstruídos. “Foi no contato com o hospital, com os pacientes e o pessoal da Casa de Apoio que descobri o desejo de fazer enfermagem”, revela. “Vou me especializar na área de oncologia”.

A rotina do tratamento médico, com idas e vindas semanais ao hospital, despertou na jovem o espírito de solidariedade e de compartilhamento. Késia acredita ter superado a dor e a insegurança apoiando outras pessoas com problemas parecidos. Recentemente, aos 20 anos, recebeu alta médica. O namorado de adolescência hoje é o marido dela.

 
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