Carta ao leitor - Edição 82 |
2014 . Ano 11 . Edição 82 - 31/12/2014 Nossa matéria de capa é resultado de uma pesquisa do diretor do Ipea Daniel Cerqueira. Há anos ele estuda as perdas de nosso Produto Interno Bruto em função da violência que mata quase 50 mil jovens por ano no Brasil. Essa sangria de capital humano supera R$ 79 bilhões, ou 1,5% do PIB. Segundo o estudo, com a queda das taxas de natalidade em todas as classes sociais, em breve seremos um país de meia-idade e com demografia desfavorável à elevação da produtividade. Outra matéria de destaque é a que expõe fragilidades da ciência brasileira. Em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o CNPq, o Ipea fez o primeiro mapeamento da infraestrutura de pesquisa científica do país. O estudo abrangeu 1.760 laboratórios de pesquisa e concluiu: nossos laboratórios são, em geral, pequenos, concentrados regionalmente e pouco integrados com centros internacionais. E nós, o que estamos fazendo para formar nossos jovens? Pesquisas indicam que há crescimento de demanda na área tecnológica, mas nem sempre os alunos estão preparados para as necessidades do mercado de trabalho. Ou porque a educação de base foi fraca, ou por ofertas tardias de cursos profissionalizantes. Essa discussão está na reportagem O Brasil sabe educar para o trabalho? Outro tema desta edição é a morte de Divonzir Arthur Gusso, um dos maiores especialistas brasileiros em educação. Depois de mais de 40 anos como pesquisador do Ipea, Divonzir deixa uma lacuna difícil de preencher. Amigo de todos, era um pesquisador inquieto, questionador e considerado pelos colegas um patrimônio do serviço público. Um estudo publicado pela Secretaria de Estudos Estratégicos da Presidência da República, abordado em outra matéria desta edição, traz uma constatação surpreendente: o Brasil pode aumentar em até 30% o rebanho bovino, sem grandes consequências para o efeito estufa, desde que as pastagens tenham o manejo adequado. Esse bom manejo compensaria as emissões de gás metano da pecuária.
Boa leitura! João Cláudio Garcia, |