Carta ao leitor - Edição 84 |
2015 . Ano 12 . Edição 84 - 16/10/2015 Cerca de 40 milhões de latino-americanos não têm água potável e 117 milhões carecem de instalações sanitárias. Em todo o mundo, são 663 milhões sem água tratada e uma em cada três pessoas sem acesso à rede de esgoto, o que obriga 946 milhões de pessoas a fazerem suas necessidades a céu aberto. É estarrecedor, mesmo. A ONU diz que a água é um bem público, um direito humano, mas os governos, por diversas razões, não priorizam políticas que melhorem essa situação. Por que isso acontece? O que falta fazer? Por que a água, um bem público disponível na natureza, tornou-se motivo de disputas e agrava o quadro das injustiças sociais? As respostas estão no livro O Direito à Água como Política Pública na América Latina, publicação que acaba de ser lançada pelo Ipea, trabalho organizado pelos pesquisadores José Esteban Castro, Léo Heller e Maria da Piedade Morais. Outro destaque da edição é a relação entre desmatamento e doenças na Região Amazônica. Trabalho dos pesquisadores Nilo Saccaro, Lucas Mation e Patrícia Sakowski revela que, para cada um por cento de floresta derrubada, o número de casos de malária cresce 23% e o de leishmaniose, de 8% a 9%. Cientista político e sociólogo, o pesquisador do Ipea Almir Júnior coordenou um estudo para saber se os fóruns de participação popular na área de segurança funcionam. E concluiu que não. A pesquisa mostrou que as comunidades podem dar palpites e sugerir políticas públicas que ajudem a combater a violência, mas os cargos decisórios nos conselhos de segurança são sempre ocupados por oficiais das polícias militares. E a palavra final é sempre deles.
Boa leitura! João Cláudio Garcia, |