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Desafios para a política de software

2005. Ano 2 . Edição 6 - 1/1/2005

"Além das tradicionais questões tributárias e trabalhistas, um dos principais gargalos no âmbito interno é o crédito"

Luis Claudio Kubota

Software é uma das opções estratégicas da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) do governo federal. Trata-se de um setor dinâmico, que possui um papel central no cenário de convergência das tecnologias da informação e comunicação. O software contribui para as inovações nas mais variadas áreas de atuação: medicina, educação, gestão empresarial, telecomunicações, entre outras.

A indústria brasileira de software enfrenta algumas dificuldades nos âmbitos interno e externo. Uma delas é o baixo nível de internacionalização das empresas. Há um número reduzido de técnicos estrangeiros atuando no setor no país e poucos brasileiros estudando ou trabalhando com tecnologia da informação e comunicação (TIC) no exterior. Trata-se de uma desvantagem quando comparamos com os casos irlandês e indiano. Executivos irlandeses em transnacionais nos Estados Unidos atuam no sentido de desenvolver a indústria irlandesa. E os indianos representam expressivos contingentes de estudantes e trabalhadores do setor de TIC radicados nos países centrais. Irlanda e Índia, que possuem mercados internos pouco expressivos, voltaram-se para o mercado externo, conseguindo associar sua imagem à TIC. A fluência do idioma inglês é outro diferencial.

A indústria brasileira, ao contrário, serve a um mercado de porte. Além das tradicionais questões tributárias e trabalhistas, um dos principais gargalos no âmbito interno é o crédito. A indústria de software possui níveis extremamente baixos de ativo imobilizado, que serve de garantia em financiamentos. O Prosoft, do BNDES, programa que financia as empresas e os compradores, teve sua carteira dobrada em 2004, mas ainda atende poucos. Entrevistamos empresários que se queixaram de ter "batido em todas as portas", sem conseguir levantar recursos. No Brasil, praticamente inexiste a figura do angel, empresário que ajuda a financiar as empresas de tecnologia nos seus primeiros passos. As empresas de venture capital, por sua vez, em geral só se interessam por empreendimentos que já atingiram certo grau de amadurecimento e de obtenção de receitas, devido aos riscos e aos custos de administração e controle. Uma solução seria a concretização do instrumento de "capital semente" (seed money) para auxiliar na geração de empresas de base tecnológica, como as de software. Há um grupo envolvendo governo e entidades desenhando instrumentos específicos para capital empreendedor (ou capital de risco), que, se efetivos, podem ajudar a impulsionar a indústria de software.

Certificados como o Capability Maturity Model (CMM) vêm ganhando importância crescente no mercado internacional e também em licitações públicas. A carência de certificadoras nacionais contribui para elevar ainda mais os custos para a certificação, que são significativos, especialmente para as pequenas empresas. O processo de certificação não só contribui para a melhoria da qualidade do processo produtivo, como exerce um papel de sinalização para o mercado.

Outra dificuldade diz respeito à falta de visão de negócios e de mercado por parte dos empresários brasileiros, que em sua maioria dirigem operações de pequeno porte. A experiência da D'Accord - uma firma de Recife - mostra que, com um bom modelo de negócios, mesmo pequenas empresas podem crescer no Brasil e no exterior. A D'Accord "localizou" (traduziu e adaptou) o produto D'Accord Violão, desenvolvendo parcerias estratégicas no exterior, para romper o receio dos consumidores estrangeiros de negociar com uma desconhecida empresa brasileira. Como resultado, 60% de seu faturamento é gerado pelas exportações, principal fonte de recursos para investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

Explorando os pontos fortes de nossa indústria, como flexibilidade e criatividade, sofisticação do mercado interno e empresas competitivas em alguns setores, e concomitantemente atacando os gargalos mencionados, será possível criar melhores condições para o crescimento das empresas brasileiras no país e no exterior.


Luiz Claudio Kubota é pesquisador do Ipea

 
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