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Um Brasil mal instruído

2006. Ano 3 . Edição 27 - 5/10/2006

"Não se falará do score nem se comentará o que ocorreu com o desempenho em matemática.Diriam que somos catastrofistas ou lesapátria. Mencione-se apenas que México, Tunísia e Indonésia, desta vez, inverteram o jogo e ficaram em melhor posição"

Divonzir Gusso

O gráfico no fim deste artigo mostra o final da fila no conjunto de países cujos jovens foram avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) nas competências de leitura. Abaixo do Brasil, apenas o México, a Indonésia e a Tunísia (375); porém, é preciso fazer uma ressalva: nenhum deles com a mesma ou maior proporção de jovens situados "abaixo do nível 1",o mínimo mundialmente aceitável.Um mau estado com o qual parece que convivemos pacificamente. E pior: entre 2000 e 2003 melhorou a situação de nossos dois estratos mais elevados de desempenho e piorou a dos dois mais precários; vale dizer, involuímos um pouco.

Tem a ver com pobreza? Um pouquinho sim. Afinal, o inescapável mau desempenho dos pobres - a maioria de nossos alunos - puxa para baixo a média.Acabrunha,no entanto, saber que também os brasileiros situados no nível socioeconômico mais elevado - supostamente os que recebem mais e melhor instrução - mostram nível de letramento inferior ao da média dos europeus em geral.

Não se falará do score nem se comentará o que ocorreu com o desempenho em matemática. Diriam que somos catastrofistas ou lesa-pátria. Mencione-se apenas que México, Tunísia e Indonésia, desta vez, inverteram o jogo e ficaram em melhor posição.Em alguma medida isso autoriza dizer que o sistema educativo brasileiro carece de qualidade. Porém de modo algum se está afirmando que qualidade é apenas obter uma boa pontuação nos testes Pisa.

Para ter qualidade, aí sim, seria preciso que o sistema escolar básico fosse capaz de prover os alunos de instrução suficiente para demonstrar que podem satisfazer os acurados critérios de hierarquização do domínio de competências em leitura, ciências e matemática adotados nesse certame.Ou seja, ter muito baixo percentual de alunos abaixo do nível 1 e o máximo possível nos níveis 2 e 3, tal como fazem os europeus ou os leste-asiáticos.

Com isso,os jovens teriam adquirido as condições básicas para, ao longo da vida, buscar e processar saberes e acumular conhecimentos; por conseguinte, adquirir sólidas competências e qualificações para o trabalho e a produção, valores e condutas para um exercício saudável de vida familiar, social e política; e, por certo, atitudes inovadoras, tolerantes e abertas ao hoje complexo convívio em escala planetária.

Para tanto, requer-se continuidade e persistência em boas políticas, criterioso planejamento e avaliação das ações, tanto na dimensão logística quanto na curricular, oferecendo ambientes escolares propícios ao sucesso na aprendizagem, à convivência pacífica e amena e, ainda, franco acesso a oportunidades de fruição cultural e de saudável lazer.

Ao insistir em negligenciar essa qualidade educativa, continuaremos à margem da difícil corrida ladeira acima que é a competição globalizada, no mais pedestre; e à margem da constituição de sociedades democráticas,mais equânimes e felizes,naquilo que mais interessa ao comum de nós.


Divonzir Gusso é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

 
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