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Flagelo nacional

2006. Ano 3 . Edição 29 - 11/12/2006

"A associação monetária aos acidentes, promovida pelo Ipea, colocou um novo componente nas análises. Se tínhamos um problema social, um problema de saúde pública e de demanda hospitalar, agora temos também um grave problema econômico"

Iêda Maria de Oliveira Lima

Em 1988, quando nós ainda estávamos na ativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o então presidente do instituto, Ricardo Santiago, já manifestava sua preocupação com o problema nacional do "acidente de trânsito". Naquele ano se falava em "um Vietnã por ano"como sendo o balanço das vítimas do trânsito brasileiro. Não existiam estatísticas confiáveis, mas estimava-se em 40 mil os mortos e em 350 mil os feridos anuais no trânsito brasileiro.

Decorridos quase vinte anos, a qualidade das estatísticas melhorou, mas os números continuaram semelhantes. É um problema endêmico. Os mais otimistas diriam que conseguimos assimilar o crescimento da frota e da população. Mas temos um flagelo nacional. Acidente de trânsito seria a terceira maior causa de mortalidade no Brasil e a mais significativa entre as causas externas e violentas.

O trabalho recente do Ipea sobre o tema lança uma nova luz sobre o problema. Ao mesmo tempo que "quantifica"monetariamente um acidente "médio" e estabelece um modelo estimador de custos médios de acidentes de maneira desagregada a ponto de permitir "compor" os diversos tipos e quantitativos de acidentes rodoviários, identifica os componentes básicos dos acidentes rodoviários, permitindo estabelecer diretrizes para políticas públicas direcionadas à minimização dessa calamidade.

A associação monetária aos acidentes, promovida pelo Ipea, colocou um novo componente nas análises. Se tínhamos um problema social, um problema de saúde pública e de demanda hospitalar, agora temos também um grave problema econômico, que já era percebido, mas não quantificado.

A abordagem do tema por "componentes" permite verificar, de imediato, que temos pelo menos quatro frentes de ação para atacar esse flagelo. Os custos foram examinados em relação às pessoas, aos veículos, ao ambiente e foram lançados indicativos sobre o campo institucional. Visualiza- se que as ações e as políticas podem seguir as mesmas vertentes, sendo que os resultados, resultados, provavelmente, não serão simplesmente aditivos, como os custos.

Observa-se, pois, que atuar sobre as pessoas e definir políticas de educação para o trânsito, exigências de treinamento e melhoria do conhecimento e das habilidades pode ser apenas um dos caminhos para a redução dessa praga nacional. Atuar em conjunto com a indústria para a continuidade das pesquisas de melhorias dos veículos é outro caminho. Identifica-se também o caminho das políticas de construção e melhorias de vias para torná-las mais seguras e com menos locais perigosos. Os programas de "redução de pontos críticos" e outros semelhantes podem ser focados na identificação de locais e tipos de acidente que ocorrem, buscando formas para eliminá-los ou, pelo menos, reduzir suas conseqüências. Os projetos viários devem incorporar novos itens de segurança e as pesquisas devem buscar componentes de engenharia viária que levem à redução dos riscos.

Há ainda a parte institucional e cultural. Não bastam as leis! Há que se fazer cumprir as leis e melhorar as organizações que podem atuar fortemente na prevenção dos acidentes. Mas temos também que atuar na prevenção. Melhor que multar é evitar a infração. Melhor que atender as vítimas é não ter vítimas.

Enfim, temos, com o novo trabalho do Ipea, mais elementos de convencimento para o desenvolvimento de programas e ações voltados para a eliminação desse flagelo nacional. E, o que é muito importante, esses caminhos são indicados a partir de uma produtiva parceria com um número extenso de instituições públicas e privadas, destacando-se o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades, que financiou o estudo; a Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), que forneceu o suporte gerencia; e a Tecnométrica Estatística Ltda. , que coordenou os trabalhos de consultorias especializadas.


(*) Este artigo foi escrito em colaboração com José Alex Sant'Anna. Iêda Maria de Oliveira Lima e José Alex Sant'Anna são técnicos aposentados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

 
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